Estava caminhando e pensando na vida, coisa rara hoje em dia, quando o diretor da universidade que estudei me perguntou: "Como vai você?" Assim como foi rápida sua pergunta foi também seu passo. Ele passou tão rápido que nem deu tempo de eu responder. Isso é tão comum, mas tão drástico. Muitos vivem ocupados demais para escutar a resposta dessa pergunta tão frequentemente perguntada. Talvez a pergunta mais feita todos os dias. E possivelmente a menos respondida.
Lembrei que no ano passado a população parisiense saiu às ruas para protestar contra o aumento da jornada de trabalho. Eles queriam um pouco mais de tempo “livre”. Queriam viver mais. O governo não aceitou o protesto e manteve o aumento. Enquanto que na França a média era de 35 horas semanais, no Brasil a jornada média de trabalho é de 44 horas. Mas é de se questionar o que eles fariam com esse tempo livre?
Será que eles passariam mais tempo com a família? Ou se divertindo com os amigos? Acho que não. Na época das fábricas da revolução industrial, o trabalho ocupava cerca de quinze horas do dia. Hoje tem gente que trabalha sem sair de casa. As pessoas hoje dão mais valor as embalagens que ao conteúdo. As lan houses e academias enchem enquanto os centros de ensino e confraternização se esvaziam. É melhor investir em relacionamentos virtuais que reais.
Não condeno o meu diretor, mas sua atitude me fez refletir. Será que ele teria tempo para escutar meus problemas? Ou será que temos tempo de responder um simples “como vai você?” Acho que não. Mas se não temos por que perguntamos? Fazemos porque é educado. É reação convencionada, rápida e sem reflexão. E a resposta? “Tudo bem.” Todo mundo responde assim. Só para não deixar
Um simples “como vai você?” diz muita coisa. Mostra que tipo de vida uma pessoa leva. Se pararmos para responder e valorizar as pessoas, teríamos uma sociedade bem diferente. Realmente, o poeta estava certo. “Não deixe tanta vida pra depois, eu só preciso saber, como vai você”.
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