Translate

sábado, 31 de outubro de 2009

Outono: alegria na morte

As folhas caem e meu queixo também. Minha surpresa é a reação das pessoas no outono. Inclusive a minha. Alegria, fotografias, êxtase em meio à bela paisagem colorida. A beleza é a cor diferenciada, a alegria está relacionada com a novidade da imagem que as árvores criam.

Mas por que as folhas estão caindo? Porque o clima está mudando. É um sinal que o frio está vindo ou já chegou. À medida que o clima esfria, as árvores vão fechando a transmissão de energia para as folhas. Semelhante ao nosso sistema circulatório, as árvores possuem um sistema que leva a seiva (semelhante a nossa glicose) para toda a árvore.

O que acontece na árvore com o frio é que a produção de energia produzida nas folhas pára de ocorrer. O frio faz com que as folhas percam sua utilidade em produzir energia através da fotossíntese. A cor amarelada ou avermelhada é o resultado da falta de fotossíntese. Trocando em miúdos, outono e frio traz a morte das folhas, pois sua utilidade foi eliminada.

Então a alegria do outono e das cores é uma celebração da morte



Então a alegria do outono e das cores é uma celebração da morte, das folhas caindo, secando e deixando a árvore nua e seca. Quando as pessoas se alegram na morte da folha, essa alegria é passageira, pois elas não gostam do produto final, da conseqüência do outono. Apesar de não apreciarem as árvores secas, sem folhas, frias e sem sentimento, continuam a vida normalmente como se nada estivesse acontecendo. Mas mesmo que eles rejeitem, a morte chegará à porta de todas as casas, trazidas pelo vento do tempo.

E quando ela chega ninguém aprecia. Enquanto as folhas secas estão nas portas dos outros, a minha vida parece não ser afetada. Assistimos a morte e sofrimento de pessoas em filmes, novelas e tele-jornais sem mais nos comover. Mas não gostamos de pensar no sofrimento, nudez e morte em nossa casa. Rimos e batemos fotos das folhas mortas no jardim dos outros, mas não gostamos da sujeira que o outono pode causar em nosso quintal.

As folhas de outono evidenciam que o frio virá, apesar do meu gosto, como brasileiro, ser o verão, e não o inverno de Michigan. E o frio traz morte. Climas frios produzem sociedades mais depressivas e não sociáveis. Mas o outono não é o fim. A morte das folhas é uma proteção das árvores contra o inverno. Quando o calor do sol aparecer novamente, elas reaparecerão trazendo vida à paisagem. É a vida após a morte, a primavera da vida. Isso me lembra um grupo de pessoas que se alegram na morte de Alguém...

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O que está por trás

Quando escrevi o texto Mundo Normal (ver abaixo), pensei em alertar sobre a realidade da violência nas escola públicas. Mas não só isso, alertar a causa de tão circunstância. Circunstância essa que não tem melhorado, pois o caso da aluna expulsa da Uniban (ver link abaixo) mostra que a imoralidade e violência continuam presente em nossa sociedade.

Qual a causa? Alguns acham que é a falta de introspecção. Falta de meditação transcendental. Interessante que agora trazem o transcendente para solucionar o problema quando foi o abandono deste que gerou o caos que estamos vivenciando. Mas esse transcendente é de um caráter diferente.

O projeto é uma parceria entre a fundação do cineasta hollywoodiano David Lynch e da Secretaria estadual de Educação do Rio de Janeiro. A mesma que criou o debate do criacionismo. Esse que não foi aceito e gerou muita polêmica. Pois transcendente não se mistura com ciência. Como então agora o “transcendente” é trazido como método pedagógico de concentração?

A razão está na filosofia por trás disso tudo. A meditação transcendental é muito praticada no oriente e faz parte de religiões como hinduísmo e budismo. O objetivo da meditação é esquecer o mundo material e centralizar os pensamentos no eu (veja declaração de Cissa Guimarães em reportagem do G1- link abaixo). Egocentrismo e banimento da realidade material são fundamentais em tais religiões que acreditam na imortalidade da alma e na atemporalidade do transcendente.

Para Buda assim como Platão, o mundo ideal é atemporal e não histórico. O que é isso, a nossa realidade material é ruim e dentro de nós há uma alma imortal que faz parte desse outro mundo transcendente dos deuses. Claro que a ciência hoje não acredita em deuses, mas aceitam muito bem o conceito.

Por isso que focalizando no eu atemporal, e esquecendo da minha realidade histórica-material, o homem material supera suas deficiências temporais. Fraquezas como esquecimento, violência e falta de concentração. Isso soa muito bonito e com esse ponto em comum, a imortalidade da alma, vários “cristãos”, ateus, cientistas, pedagogos tem aceitado essa filosofia de vida.

Mas qual a comunicação divina nisso tudo. A Bíblia responde: nenhuma. Para o Deus bíblico-cristão não existe almas imortais dentro de nosso corpo mortal. Essa dicotomia é errônea. E qual o padrão para tal asserção, o relato da criação do homem em Gênesis 2. Mas claro, para a Secretaria de Educação do Rio e para os famosos esse tipo de transcendente não está na moda. E aí cada um escolhe seu transcendente. O que não entendo é porque então não deixaram os cristãos escolher nas escolas do Rio o transcendente da Criação da Bíblia? Terá isso uma razão transcendental? Acho que sim e a Bíblia também. Por enquanto acho que devo meditar nisso.

Veja o projeto: http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL1360041-5606,00-RIO+QUER+LEVAR+MEDITACAO+A+MIL+ALUNOS+DA+REDE+PUBLICA+EM.html

Caso Uniban e aluna com roupa curta: http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1360027-5605,00-UNIVERSIDADE+TENTA+APAGAR+VIDEO+SOBRE+ALUNA+COM+ROUPA+CURTA.html

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Como nos comunicamos

Tenho lido alguns textos sobre comunicação do Norval Baitello Junior. Ele é professor de comunicação da Pontifícia Universidade Católica em São Paulo. No texto a média antes das máquinas ele traz reflexões interessantes sobre a estrutura da comunicação.

Para Baitello, o homem é um ser comunicativo. Ele necessita se comunicar. Isso ocorre através da interação com o ambiente. Esse relacionamento possibilita a troca de informações objetivas e subjetivas com os demais seres. Relacionamento é fundamental para a sobrevivência dos seres.

Essa interação ocorre em três esferas, de acordo com Baitello. A primeira esfera comunicativa é através do uso de mídias primárias. Mídia é todo meio/objeto usado para transmitir informações. E o primeiro meio que usamos para interagir com o ambiente é o nosso corpo. Através dele nos expressamos, pela dança, pelos gestos, pelas “carretas”.


“Impensável qualquer interação de um indivíduo com outros indivíduos sem o corpo e suas muitas e múltiplas linguagens”.


O segundo meio (mídia) é extra corpóreo. Talvez pela inquietude humana em se limitar ao tempo e espaço, o homem usa sua criatividade para extrapolar seus limites. Ele elabora máscaras para acentuar suas expressões faciais, a escrita para registrar sua fala. Ele cria outro meio para de alguma forma deixar sua marca por mais tempo. E não precisa mais está presente para comunicar seus desejos.

A mídia terciária é a complexificação das anteriores. Extrapolando o limite do corpo e do tempo, essa comunicação requer um meio para transmitir e outro meio para receber. Como uma televisão. Um aparelho capta a imagem e transmite, mas outro aparelho tem que receber e ser ligado para comunicar a imagem.

Esses conceitos básicos sobre comunicação são importantes e guiará alguns textos que escreverei sobre comunicação divina. Basta aqui dizer, que assim como a palavra escrita superou o tempo e o espaço do homem que as escreveu, vencendo até morte ao comunicar a vida do autor após seu desaparecimento, Deus é comparado com a Palavra no Evangelho de João. Quais as implicações? Concordando com Baitello, comunicação é essencial para a sobrevivência. Assim tais implicações podem ser eternas.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

até agora. . .

Até agora foram só textos antigos. Reflexões sobre o cotidiano e a influência da sociedade da tecnologia nos nossos hábitos. A partir de amanhã, começo a escrever textos novos, fresquinhos. Sobre comunicação e nossa vida. Não perderá a característica de reflexão, mas acho que terá uma nova cara... aguarde, acesse e comente...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

??.com

A internet pode ser o que você quiser. Bem pós-moderno. Cada um determina a sua realidade. Nos blogs é postado informações que vão de receita de bolo a jornalismo investigativo. No orkut as comunidades crescem a cada dia. São milhares. Centenas de mundos dentro de um único mundo, o da internet.

E a realidade criada por Yoñlu foi a da morte. No dia 26 de julho de 2006 ele enganou seus pais. Pois o mundo virtual não acaba com o certo e o errado. Possivelmente viciado em internet, Vinícius, seu nome real, escutava rock, lia Kafka, e era alienado do relacionamento fraternal. Tinha problemas de relacionamento. Era tratada por psiquiatras, por ser declarado superdotado.

Naquela quarta feira disse que faria um churrasco com amigos pois estava atraído por uma amiga. Mas o churrasco seria ele mesmo. Morreu asfixiado com o carvão queimando no banheiro. E o mais horrível da história. Falava o que iria acontecer na internet, e era até auxiliado a preparar o local da morte. Na net estava ainda todo o seu histórico real. Vinícios era Yoñlu. Tinha um blog que contava suas angústias e prazeres. Sua realidade era virtual e sua vida também.

De acordo com a revista Época de fevereiro, somente em 2005, quase cem pessoas suicidaram-se no Japão estimuladas pela internet. São jovens como Megan Meier que se suicidou após ter sido maltratada verbalmente por um personagem fictício da internet. Fico imaginando que tipo de pessoas a sociedade .com está criando.

Essa realidade criada por Vinícius mostra que mesmo com tanta informação, a internet não propicia felicidade. Mesmo com tanta tecnologia, o homem ainda está infeliz. Pois os Yoñlu da vida esquecem que a vida não está na virtualidade dos amigos de chat. Mas na confissão de um filho problemático a um pai compreensivo.

Mas os pais estão muito ocupados e estressados com o trabalho. Com a Tv. Não tem tempo para conversas. Nem saber como está seus filhos. Os pais.com dão mais atenção as noticias.com que aos filhos. Criam seus próprios mundo .com. E a cada mundo ponto com criado, o mundo real vai se distanciando. Tão perto mais tão longe. Tantos amigos adicionados no msn, mas nenhum com que contar para chorar no ombro, ou jogar bola.


E Deus. Esse sim é mais esquecido ainda. Se nem o pai e mãe que está morando no mesmo teto está sendo considerado... Imagine o Deus do céu. Invisível. Mas o caos da sociedade.com começou com o abandono desse último. Se a civilização continuasse a considerar os conselhos divinos, o mundo.com seria outro.

A Bíblia já ensinava que os pais deveriam gastar tempo com os filhos. Que o homem deveria descansar de seu trabalho no sábado. Lembrar que o Criador do universo está acessível a uma simples oração. E que Ele se preocupa tanto com o homem e suas angústias que veio ao mundo para morrer em lugar do pecador. Ela já ensinava que a maldade deste mundo é resultado do pecado e de Satanás. E que um dia Deus irá acabar com tudo isso e restaurar todas as coisas. Mas a Bíblia tem sido substituída pela criação humana. Desde os tempo modernos com o humanismo e racionalismo. E o resultado é morte.com.

Se somente Vinícius tivesse escolhido um Jesus.com, uma Bíblia.com. Como a história seria diferente. Lembre-se que por mais determinador que você seja de sua realidade virtual, ela não muda uma coisa. A realidade do amor de Jesus por você e da angústia humana sem a presença de Deus. Cabe a você determinar qual .com será a sua página.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

MUNDO NORMAL *

NOTA DE ESCLARECIMENTO: Escrevi esse artigo para a ABJ notícias no ano passado no período da páscoa.

Gostaria de falar da paz, fraternidade, companheirismo. Todos através do sofrimento de um homem, não de uma menina. Aliás, foi a semana comemorativa da morte de Jesus. Mas em meio a barbárie como a de Grazi e as gangues escolares, tive que mudar de idéia. Pois acho que seria loucura falar de alguém que amou. Amor é coisa do passado. E acho que cristianismo também.

Era uma manhã normal de segunda, na escola estadual Guiomar Rocha Rinaldi, da zona oeste de São Paulo. Mais uma briga de alunos, como sempre ocorria. Mas agora entre meninas. Garotas de 16 anos. Uma era a turma da beleza, a outra a turminha “feia”. Os apelidos eram Fiona (namorada do Shrek), Tiffany (namorada do Chucky) e por aí vai.

Tatiene, apelidade de Tiffany, do quarteto da beleza, teve sua mãe educadamente chamada de vagabunda. Palavra comum dos pancadões funks da região. Silvana, a autora da frase, havia perdido sua mãe de câncer no Paraná e morava com sua irmã e namorado. Além disso, era mal-tratada na escola com apelidos pejorativos. Após os tapas e arranhões costumeiros, Silvana fura a mão de Tatiane com um compasso. Irada, ela pega um pedaço de beliche que estava na rua, e começa a espancar sua colega de sala. “Fui arrepiando o pau nela”, pau que quebrou várias vezes nesse processo.

Dias depois, sem perdão, coisa de cristão, Silvana traz em sua garrafa de água R$0,80 de gasolina. Após trocas de olhares inflamados dentro da sala, a tocha acende em Grazielli. Pais separados, tornada loira desde 3 anos pela mãe cabeleireira, tinha sua beleza como alto padrão. E agora para proteger o nome do quarteto da beleza compra à briga de sua amiga Tatiane.

“Bate na cara dela, bate na cara da vagabunda, não vai arregar pra ela, Grazi.” Era a motivação dos adolescentes que colocavam lenha na fogueira. Após a briga fora da escola, Silvana joga a gasolina em Grazi e ateia com um isqueiro. Tatiane está na Febem feminina e Grazi sofre na UTI do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Os diretores se eximiram da responsabilidade pois, o acidente foi fora da escola. A mãe de Rosa, a última do quarteto fantástico, avaliando o caso disse: “Se essa menina (Silvana) tem problemas, deviam ter chamado os parentes dela; não tem que ficar num colégio onde só tem criança normal.” Crianças normais! Um caramba! Se isso é normal, eu estou louco.

Eu que pensava que o normal era ter na escola um ambiente de integração social, de aulas amistosas, de companherismo. Onde a beleza exterior não importasse tanto. Alunos e professores motivando e ajudando-se dentro e fora de sala de aula. Mas acho que tudo isso é uma loucura.

Ter um linguajar, puro, adequado, decente, é fora de moda. Acho que é loucura pensar em assistência psicológica para adolescentes que perderam a mãe e saíram de casa. É estranho falar de família com pai, mãe e filhos. Agora é pai, pai, ou mãe, mãe e talvez um filho, de outro. É “filosófico”, “utópico” acreditar que um compasso deve ser usado para estudar matemática, e construir um mundo melhor.

Que um pedaço de madeira deve ser usado para construir camas para desabrigados, e a gasolina deve ser usado em carros. É loucura. O normal e ver tocha humana, arrepiar o pau nela...E isso não acontece apenas em periferias. Na Universidade de Bloemfontein na África do Sul brancos urinam em prato de comida de negros. E a definição para essa normalidade é trote fora do controle.

Se continuar do jeito que tá, onde a violento Bope é usado como exemplo empresarial, o linguajar funk é comprimento educado, onde professores e pais não se envolvem com seus meninos, vou ter que me internar num hospício para cristão. Pois lembrei das palavras de Paulo, que dizia que a mensagem da Bíblia era loucura para os que não aceitam. Mas acho que eu que estou ficando louco.

“Pois a mensagem da cruz é loucura” I Coríntios 1:18

*Nomes foram mudados, menos o da Grazielli

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

“Como vai você?”

Estava caminhando e pensando na vida, coisa rara hoje em dia, quando o diretor da universidade que estudei me perguntou: "Como vai você?" Assim como foi rápida sua pergunta foi também seu passo. Ele passou tão rápido que nem deu tempo de eu responder. Isso é tão comum, mas tão drástico. Muitos vivem ocupados demais para escutar a resposta dessa pergunta tão frequentemente perguntada. Talvez a pergunta mais feita todos os dias. E possivelmente a menos respondida.

Entramos no século XXI com mais tempo livre e ao mesmo tempo mais ocupados. Esse é apenas um dos paradoxos da nossa sociedade confusa. Contrastes como, a comunicação via internet. Nunca se teve tantos amigos, a lista do orkut é de 500, 700, mil “amigos”. E paralelamente a solidão é maior, comparado com anos atrás. Os depressivos e suicidas enchem os consultórios de psicologia e igrejas. Todos atrás de remédios rápidos para suas crises existenciais. Pois à medida que o tempo de trabalho diminuiu com a tecnologia a distância para com os outros aumentou.

Lembrei que no ano passado a população parisiense saiu às ruas para protestar contra o aumento da jornada de trabalho. Eles queriam um pouco mais de tempo “livre”. Queriam viver mais. O governo não aceitou o protesto e manteve o aumento. Enquanto que na França a média era de 35 horas semanais, no Brasil a jornada média de trabalho é de 44 horas. Mas é de se questionar o que eles fariam com esse tempo livre?

Será que eles passariam mais tempo com a família? Ou se divertindo com os amigos? Acho que não. Na época das fábricas da revolução industrial, o trabalho ocupava cerca de quinze horas do dia. Hoje tem gente que trabalha sem sair de casa. As pessoas hoje dão mais valor as embalagens que ao conteúdo. As lan houses e academias enchem enquanto os centros de ensino e confraternização se esvaziam. É melhor investir em relacionamentos virtuais que reais.

Não condeno o meu diretor, mas sua atitude me fez refletir. Será que ele teria tempo para escutar meus problemas? Ou será que temos tempo de responder um simples “como vai você?” Acho que não. Mas se não temos por que perguntamos? Fazemos porque é educado. É reação convencionada, rápida e sem reflexão. E a resposta? “Tudo bem.” Todo mundo responde assim. Só para não deixar em branco. Isso revela quais relacionamentos estamos criando.

Um simples “como vai você?” diz muita coisa. Mostra que tipo de vida uma pessoa leva. Se pararmos para responder e valorizar as pessoas, teríamos uma sociedade bem diferente. Realmente, o poeta estava certo. “Não deixe tanta vida pra depois, eu só preciso saber, como vai você”.

sábado, 10 de outubro de 2009

Luz demais

Uma reportagem da National Geographic me fez refletir sobre o excesso de luminosidade e seus efeitos na vida do homem. Tudo começa com o conceito da luz e das trevas. No passado várias comunidades as consideravam sinônimas do bem e do mal, da vida e da morte. Isso porque durante o dia há claridade, visibilidade, e o homem e os animais realizam a maioria das suas atividades. Durante a noite é o contrário. As pessoas não conseguem ver completamente, as coisas ficam cobertas, e elas dormem. Desta última característica é óbvio o relacionamento com a morte. A inatividade, o descanso, é o oposto da vida e das realizações. Inclusive em muitas línguas antigas a palavra para morte e sono é a mesma.

Como o homem não está acostumado com a morte, com o tempo ele foi tentando vencer esse inimigo. Como a treva estava intimamente associada à morte, o homem começou a procurar meios de acabar com o escuro. A Bíblia, porém, diz que a luz deve reger o dia e as trevas a noite. Mas o homem insatisfeito com sua situação, quis acabar com a noite. O fogo, o sol e a luz se tornam símbolos em muitas culturas e religiões. Mas esses ainda eram meios limitados, não alcançavam todo o tempo e todo o mundo ao mesmo tempo. Mas a eletricidade e a lâmpada mudaram essa história.

As cidades começaram a ficar cada vez mais iluminadas. Ninguém precisava mais ficar no escuro, nem ler um livro na dificuldade de uma mísera vela. Luzes cada vez mais potentes foram inventadas e colocadas em todos os objetos e lugares possíveis. Na rua, dentro de casa, na câmera digital, no carro, no celular...Quanto maior a cidade e mais “desenvolvida” e rica, mais luminosa será. Veja São Paulo e Paris via satélite a noite! Quem já sobrevoou ou viu na internet sabe o que estou falando. Uma massa luminosa enorme desafia as trevas e a noite.

Hoje as pessoas não precisam e não vivem mais no escuro. Parece que o desejo de viver para sempre, inato no homem, sobrepujou a morte. Mas o que vem ocorrendo é justamente o contrário. Pesquisadores da Califórnia andam estudando o efeito desse excesso de luminosidade sobre a natureza e o que eles têm descoberto pode ser uma surpresa para muitos.

Nós precisamos do escuro. A luz na noite tem modificado as plantas e os hábitos de muitos animais, que tem morrido com essas modificações. E o homem também tem sofrido com isso. Como?! É fácil entender. A noite foi feita para dormir, uma prova disso é que se o homem não descansar 7 a 9 horas por dia, com o tempo ele entra em colapso e doenças surgirão como stress, insônia, que causarão muitos outros problemas mortais.

E o que tem acontecido é que com o excesso de luminosidade, a sociedade tem ficado cada vez mais vidrada na luz da TV, da internet, luzes artificiais. Artificial é também o tempo de sono que eles têm ao trocar a noite pelo dia, pois o organismo não produz o hormônio do descanso na presença da luz durante o dia. Isso tem provocado uma geração impaciente, intolerante, estressada. Ao contrário do esperado, ao lutar contra a morte a o escuro iluminando tudo com o progresso científico, o homem não conseguiu vencer seu inimigo, mas foi vencido por ele. Só quem venceu a morte, foi Jesus, pelo menos é o que diz a Bíblia. E parece que ela está certa mais uma vez.

Em construção

Estou construíndo meu blog. E por enquanto, esse enquanto é o tempo que tenho disponível, vou colocar textos que já havia publicado no Unasp. Em breve atualizações.