Um dos argumentos do historicismo é
que o próprio livro de Daniel sugere essa interpretação. O autor de Daniel usa
duas palavras para descrever tempo. Em todo o livro quando descreve sua posição
no tempo e espaço ele usa o termo comum em hebraico/aramaico - shana/shena (ano, e.g.1:1, 2:1, 7:1,
8:1, 9:1, 11:1). Na tradução judaica grega (LXX – septuaginta) essa palavra é
traduzida por etos, a expressão comum
para um ano cíclico das estações.
Porém, quando o conteúdo transcede a
realidade do profeta em visão ou sonho, esse vocábulo não é mais usado. Tempo
simbólico nunca é shana/shena. Expressões não usuais são escolhidas para
descrever o tempo apocalíptico, como “tardes-manhãs”, “dias”, “tempo(s)” com
números grandes, ao invés de usar “anos” (shana/shena).
Em Daniel 7 é usada a palavra yidan, que descreve em aramaico uma
porção de tempo definida ou não (e.g. Dan 2:8, 7:12) ou uma circunstância
(2:9,21). Note que no capítulo 4 esse vocábulo descreve um tempo literal e
real, quando o rei Nabucodonossor permanece 7 yidanin (tempos – 4:16, 23, 25, 32) como um animal.
No final do capítulo yidan é substituído por yom, comumente traduzido como dia como
em Gênesis 1. Mas yom possui uma
abrangência semântica maior que um ciclo diário. Por exemplo, Deus é descrito
no capítulo 7 como o Ancião de DIAS (yomim – v.9, 13, 22). Assim, o contexto
deve determinar qual a melhor descrição de tempo expressada por yidan e yom. Que elas no capítulo 4 devem ser entendidas por anos literais
os judeus que traduziram a Septuaginta (LXX-AT em grego) atestam ao usarem etwn ho chronos (4:34). Eles usam duas
palavras que enfatizam o ciclo anual cronológico.
Essa permutação de um dia para ano onde yom é usado
para os dois não é novidade de literatura apocalíptica. Note esse texto de I
Sam 27:7: “E o número dos dias (plural–yamim)
que Davi habitou na terra dos filisteus foi de um ano (yamim) e quatro meses.” Em Levíticos
25:29 yom é paralelo a shana. Portanto não é estranho o termo comum para dia também expressar um tempo maior como ano.
O segundo argumento ainda mais relevante é o recurso da miniaturalização profética. (ver Alberto R. Timm. Miniature symbolization and the year-day principle of prophetic interpretation. Andrews University Seminary Studies vol.42, n.1, p.149-167.- http://www.auss.info/auss_publication_file.php?pub_id=1072&journal=1&type=pdf, esse princípio é demonstrado primeiramente em Números 14 e secundariamente em Ezequiel 4. Em ambos os capítulos indivíduos REPRESENTAM um grupo maior de pessoas e consequentemente um tempo menor SIMBOLIZA uma realidade maior. Em Números, doze espias representam as 12 tribos de Israel. Em Ezequiel o profeta representa toda a nação dos judeus. O tempo vivenciados pela ser menor (12 espias e profeta Ezequiel) é trasposto à entidade maior (12 tribos ou Israel).
O segundo argumento ainda mais relevante é o recurso da miniaturalização profética. (ver Alberto R. Timm. Miniature symbolization and the year-day principle of prophetic interpretation. Andrews University Seminary Studies vol.42, n.1, p.149-167.- http://www.auss.info/auss_publication_file.php?pub_id=1072&journal=1&type=pdf, esse princípio é demonstrado primeiramente em Números 14 e secundariamente em Ezequiel 4. Em ambos os capítulos indivíduos REPRESENTAM um grupo maior de pessoas e consequentemente um tempo menor SIMBOLIZA uma realidade maior. Em Números, doze espias representam as 12 tribos de Israel. Em Ezequiel o profeta representa toda a nação dos judeus. O tempo vivenciados pela ser menor (12 espias e profeta Ezequiel) é trasposto à entidade maior (12 tribos ou Israel).
Essa dinâmica é característica de
profecia apocalíptica. Visto que Deus descreve ao profeta uma realidade além da
do profeta Ele usa símbolos que miniaturalizam realidades maiores. Assim como
uma bandeira representa um país inteiro. Em Daniel animais ou metais
representam nações/poderes. Um leão alado ou uma cabeça de ouro, por exemplo, representam Babilônia.
Dessa maneira a profecia conta uma
grande história de uma maneira abreviada. Logicamente a miniaturalização se
aplica ao tempo profético. Em Daniel 7 e 8 não só os animais são “estranhos”
mas a descrição de tempo também. Não se usa corriqueiramente “2300
tardes-manhãs” como em Dan 8:14 para descrever um período de um pouco mais que
6 anos. Nem “tempo, tempos e metade de um tempo” (7:25). Essas são algumas
evidências textuais que clamam para uma interpretação simbólica do elemento de
tempo na profecia apocalíptica.
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