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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Antíoco ou Roma - chifre pequeno


2)     Será que Antioco IV Epifânio cumpre os requerimentos textuais e históricos cumprindo o simbolo profetico do chifre “pequeno” em Daniel 8?

Primeiramente para verificar a confirmação de um evento profético é necessário considerar como interpretar às profecias de Daniel. Como visto na questão anterior os capítulos 2, 7 e 8 de Daniel sugerem uma interpretação historicista. Isso quer dizer que os seus símbolos descrevem eventos do tempo do profeta até o tempo do fim em sequencia. É importante notar que esses capitulos estão em paralelismo e de maneira a recapitular e avançar a profecia anterior (proximo post – mais informação sobre metodologia profetica escatologica).

Vimos que Daniel 2 claramente identifica os metais como reinos em sucessão a partir de Babilônia (v.38,39). Semelhantemente o capítulo 7 possui a mesma sequência de 4 reinos sucessivos + 1 reino distinto + Reino de Deus no fim. Em Dan 8 há uma mesma sequência de reinos até o fim (v.17,19). Um deles é interpretado no próprio livro como Media e Persia (v.20), e o poder que o segue como Grécia (v.21). Esses são marcadores textuais que sugerem fortemente que todas essas profecias representam/simbolizam poderem hist[oricos desde o tempo do profeta até o tempo do fim.

Esse paralelismo temático finalizando com um juízo divino aos reinos nos são de grande valia para determinar qual poder representa o chifre “pequeno” em Daniel 8. Note que há um chifre pequeno em Daniel 7 que termina com um julgamento divino. Paralelamente no capítulo 8 o anjo afirma que a visão vai até o fim (v.17,19) com a purificação do santuário, o que é o juízo no capítulo anterior. Considerando esses dados, como pode o “fim” e “juízo” terem ocorrido no tempo de Antíoco IV Epifânio no II século A.C.?

A probabilidade é mínima. Os profetas do Antigo Testamento prefiguravam uma escatologia (últimos dias) onde Deus estabeleceria o Seu reino em Israel para sempre. Isso definitavamente não ocorreu no tempo de Antioco IV. Apesar de o livro de Macabeus tentar interpretar Daniel como cumprindo nesse período, Antioco não chegou ao “fim” nem o reino de Deus foi estabelecido com a purificação do santuário e a expulsão desse rei.

Jesus também nega essa interpretação pois Ele prometeu estabelecer o eterno reino de Deus prefigurado no Antigo Testamento ainda no futuro, séculos depois de Antíoco. Ainda mais, Cristo em Seu sermão escatológico afirma que a abominação desoladora de Daniel 9 aconteceria ainda no futuro de seus dias na terra com os discípulos. Visto que a abominação desoladora é causada pelo chifre pequeno, o que todas as escolas (preteristas, futuristas e historicistas) reconhecem, isso nega a interpretação de Antíoco como sendo tal poder.

Outra forte evidência é relacionada ao tempo em Daniel. Em 8:14 o anjo afirma que a purificação do santuário aconteceria após 2300 tardes-manhãs. Mesmo se interpretado como tempo literal referentes a dias completos (tarde-manhã) esse período não coaduna com a única descrição histórica sobre Antíoco e a purificação do santuário encontrada nos livros de Macabeus, que totalizam apenas 1100 dias. Tal período não bate com nenhum tempo encontrado no livro de Daniel: 2300 (Dan 8:14), 3 ½ tempos (1260 – em Dan 7:25), 1290 (12:11) ou 1335 (12:12).

Analisando o texto de Dan 8:8-12 ainda mais, há mais evidências contra a interpretação de Antíocos. É inegável que o poder descrito no v.8 é referente a Grécia visto que o anjo assim o interpreta (v.21). A questão interpretativa está relacionada ao v.9: “de um deles” vem o chifre pequeno. O pronome “deles” se refe a qual objeto antecedente? O mais óbvio e imediato são os quatro ventos dos céus (v.8). Embora esteja implícito devemos notar que não há menção explícita de 4 chifres no verso 8 (note que na tradução em Português ARA os tradutores colocaram “chifres notáveis” onde no hebraico apenas há “quatro notáveis”).

Essa ausência pode sugerir uma mudança de assunto e que o pronome “deles” no v.9 não se refira às divisões do império Greco, mas aos quatro ventos da terra (compasso geográfico). Assim o esquema profético em Dan 8 estaria em paralelo com os capítulos 2 e 7 que possuem Roma como o poder após a Grécia e próxima ao tempo do fim. Visto que Dan 7 e 8 são bem semelhantes, pois ambos referem-se a um chifre pequeno antes do tempo do fim, a interpretação de Antioco deve ser questionada.

Questionada pois ela basea-se fortemente em palavras supridas por traduções, como “sacrifício” no v.11,12,13 referente ao diário (hb. Tamid). Apesar do termo possuir fortes ligações como atividades cúlticas do antigo Israel (santuário), o termo sacrifício não aparece em Daniel 8 e não se limita apenas aos sacrifícios oferecidos no culto do templo. Também pode ser argumentado que Antíoco IV Epifânio não foi tão bem sucedido e poderoso como a profecia transcreve esse poder representado pelo chifre pequeno. Esse chifre “tornou-se muito forte” (“engradecia muito”), mais que o poder anterior que apena “engrandecia” (v.4). Há também um crescendo na descrição dos poderes na visão. Historicamente no entanto não chegou nem perto de Alexandre o Grande que o antecedeu e representa o chifre notável do carneiro.

Mais duas evidências devem ser levadas em conta relacionadas a  reação de Daniel ao final da visão e interpretação. No final do capítulo 8 e início do 9 Daniel é descrito como estando mui triste e extremamente  preocupado. Se a profecia fora escrita após o evento ocorrer, como advogam os preteristas que interpretam o chifre pequeno como sendo Antíoco, não faz sentido porque o autor (Daniel) estava triste em saber que seu povo e templo seria “em breve” restaurado. Ele jejua e ora, ora até ficar exausto pois parece que levaria um longo tempo para que seu povo Israel fosse restaurado e o templo reconstruído. Daniel 9 conecta o capítulo anterior há luz do cativeiro Babilônico e a profecia de Jeremias sobre os 70 de cativeiro (cap.19 e 25).

Todos esses dados fortalecem a interpretação historicista e não a preterista/futurista que veementemente afirma ser Antíoco o chifre pequeno. Há ainda mais evidências no próprio livro de Daniel que não aprovam tal interpretação antes de Cristo. A interpretação historicista conecta perfeitamente em detalhes na história os eventos do texto de Daniel 8 ao contrário do malabarismo preterista em relação ao tempo principalmente. Roma veio após a Grécia e com mais força. Tanto sua fase pagã como papal atacou o santuário de Deus e contaminou o ministério de Cristo (Messias). Assim não fora com Antíoco. Essas característas encaixam quando a visão cronológica historicista do dia-ano interpreta tais eventos descritos por Daniel do seu tempo ao tempo do fim.

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