Continuemos com nossa jornada num dos períodos mais fascinantes da história, o início do cristianismo. As decisões e ações feitas em menos de um século mudaram o mundo. Os ensinos de um rabino da Galileia moldaria a Europa e África, e de lá o planeta por meio de fiéis discípulos. Mas antes de tal sucesso os seguidores do Nazareno enfrentariam perseguições de dentro e de fora. Paulo se envolve em ambas e transforma a cara da nova seita judaica de Jerusalém.
E parte
dessa transformação ocorre por cause dos conceitos explicados na carta aos
Gálatas. Lembrando que nenhuma carta é escrita num vácuo histórico e
existencial. Cartas como a de Gálatas não aparecem do nada. Na Bíblia, ao que
lembro, somente a criação em Gn.1 veio do nada e mesmo assim possui um contexto.
Entender as razões que criaram esse documento, as intrigas que motivaram Paulo
a escrever essa carta são extremamente importantes. Se quisermos entender sua
mensagem precisamos primeiro entender quem a escreveu, para quem, quando e por
quê.
Quem era Paulo?
O primeiro
encontro que temos com Paulo é no martírio de Estévão (At.7:58). Sobre a
relação teológica entre Paulo e o mártire já refletimos anteriormente. Lucas ao
narrar a história cristã indica que Saulo teve alguma relação com a morte de
Estévão, visto que as testemunhas (acusadoras legais) de Estévão pegam as
roupas da vítima e entrega ao “jovem chamado Saulo” que “consentia na sua
morte” (8:1).
Logo em
seguida grande perseguição assola aos seguidores de Jesus o Nazareno e quem é o
responsável? “Saulo, porém, assolava a
igreja,entrando pelas casas, e arrastando homens e mulheres, encerrava-os no
cárcere.” (v.3). Por causa da perseguição de Saulo a igreja é espalhada na
Judéia e Samaria, na ordem que Jesus ordenara que os discípulos pregassam o
evangelho (At.1:8).
O que temos
em At.8-11 é o primeiro desenvolvimento da pregação aos Gentios e o
aparecimento de Paulo. Ao Lucas relacionar Saulo, Estévão, perseguição e
pregação aos gentios ele indica na narrativa a importância para o desenrolar da
história no restante do livro. Na segunda seção do comentário explico mais essa
relação.
O
importante aqui é ver essa relação entre Saulo, perseguição e pregação aos
Gentios. Quem era Saulo? Seu primeiro (Saul) nome sugere a admiração dos seus
pais pelo primeiro rei de Israel da tribo de Benjamim. Ao escrever aos
Filipenses Saulo afirma ser dessa tribo, “da
linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreus dos hebreus”. (3:5 e
Rom.11:1)
O que mais
sabemos sobre Saulo que nos ajuda a entender a controvérsia em Gálatas e no
início da Igreja Cristã? Em Atos 22 temos uma breve autobiografia Paulina.(O
contexto desse capítulo será importante para o resto do estudo em Gálatas) Ao
ouvir Paulo falando hebraico os soldados romanos se surpreendem por ser Paulo
cidadão romano. (At.21:37-40)
“Eu sou judeu, nasci em Tarso da Cilícia [ver
21:39], mas criei-me nesta cidade [Jerusalém] e aqui fui instruído aos pés de
Gamaliel, segundo a exatidão da lei de nossos antepassados, sendo zeloso para
com Deus, assim como todos vós”. (22:3,4)
Alguns
pontos importantíssimos nos é informado pelo próprio Paulo. Ele era judeu de
sangue, mas da diáspora, ou seja, judeu que não morava em Jerusalém ou Judéia.
Desde o cativeiro Babilônico judeus haviam sido espalhados por “todo o mundo”.
Em Atos 2, no Pentecostes, vemos que judeus migraram para as festas em
Jerusalém de vários lugares do globo. Paulo veio do norte de Israel, hoje sul
da Turquia, de Tarso, na Cilícia (bem perto da Galácia).
A Cilícia
era uma rica província Romana. Uma de suas vantagens era a localização entre o
Oriente e o Ocidente, onde muitas caravanas comerciais passavam. É possível que
a família de Paulo tivesse uma vida financeira confortável. Ainda mais pelo
fato deles serem cidadãos romanos (At.22:27-28). Visto que o império romano
concedia cidadania a estrangeiros que prestassem serviço ao governo, a
probabilidade é que seus familiares receberam esse privilégio. Mas não sabemos
os detalhes por falta de informação. O que sabemos é que Paulo era tanto Romano
como Hebreu, por nascimento.
Apesar dele
nascer em Tarso, ele afirma ter crescido em Jerusalém (22:3). Sua educação
provavelmente ocorrera no centro cultural judaico. Uma indicação disso é o
termo “hebreus dos hebreus.” Algumas passagens do Novo Testamento, como em
IICor.11:22 e At.6:1, sugere que Hebreus são contrastado com judeus Helenistas.
Enquanto o primeiro grupo de judeus falavam hebraico e tinham seus rituais
litúrgicos mais ligados ao templo, os segundo grupo falava grego e tinha mais
relação com estrangeiros (gentios).
O fato de
Paulo falar hebraico em At.22, enfatizar sua relação com Jerusalém, está em
contraste do Estévão e os Helenistas judeus em At.6-7, deixa claro que Paulo
era um “hebreu dos hebreus” de fato. Ainda mais pela sua educação. Ao continuar
sua biografia diz, “fui instruído aos pés
de Gamalieu, segundo a exatidão da lei de nossos antepassados , sendo zeloso
para com Deus.” (At.22:3)
De acordo
com o Talmud (tradição escrita judaica) Gamalieu foi um dos maiores rabinos
Judeus. Era neto de Hillel, outro famoso rabino. Os rabinos era a classe de
estudiosos da lei, os teólogos do judaísmo pós revolução dos Macabeus. Desejando a vinda do prometido Messias, e
frustados por sua demora, ao lerem as leis de Moises eles aprendem que a causa
do cativeiro e da demora do Messias era a quebra da aliança e a falta de
obediência a lei do Senhor.
Esse grupo
então cria instituições de ensinos e forma rabinos (professores da lei) para
mover os judeus a obedecerem a lei, afim de apressar a vinda do Messias (soa
familiar com Adventismo?!). Ao que indica, Paulo era um prominente aluno do
rabino Gamaliel e provavelmente seria o próximo líder do grupo. A única outra
informação que possuímos sobre Gamalieu é que ele tratou com os seguidores de
Jesus com grande sabedoria (ver At.5:33-39). A tradição cristã afirma que
Gamaliel e Nicodemus, outro rabino, se converteram ao cristianismo
posteriormente.
Visto que
Paulo estava vivo na época do ministério de Jesus me faz perguntar o que Paulo
sabia sobre o Mestre, e se alguma vez ele O havia encontrado. O que sabemos de
fato é que Paulo era zeloso conforme aos costumes judaicos da lei. A
terminologia “zeloso para com Deus” é repetida por Paulo várias vezes e pode
indicar ainda outra parte do seus envolvimento religioso-social no Judaísmo.
Após a
revolução dos Macabeus os judeus se dividiram em várias facções para trazer a
vinda do Messias. Os fariseus rabinos focavam no estudo da Torah; os Essênios
se torna asceticistas para se purificarem no deserto do Mar Morto; os Saduceus
eram os sacerdotes que acabam se tornando corruptos com o Império Romano
ganhando dinheiro no templo; os Zelotes desatisfeitos com Saduceus e Fariseus
resolvem montar coalizão política contra os Romanos e trazer pela força da
espada o reino de Deus; os Sicarri eram odiavam os judeus que se envolviam com
Romanos e os matavam com facas escondidas em suas vestes.
O
interessante é que o grupo dos 12 apóstolos de Cristo possui zelotes e
coletores de impostos juntos, o que era um absurdo para a época. A presença de
Cristo unifica até os mais ferrenhos inimigos. E era isso que Ele fizera com
Saulo na estrada de Damasco. Sendo zeloso e fariseu, isso indicava que Paulo
não só desejava trazer o reino de Deus pela obediência estrita a lei, mas pelo
envolvimento político contra os dissidentes. Lembre-se desses dados sobre os
desejos de trazer o reino de Deus, e o fato de Paulo enfatizar sua ligação com
linhas estritas do judaísmo, isso será importante no estudo de Gálatas.
Ao
entendermos todo esse contexto socio-político-religioso não é atoa a morte de
Estévão e a perseguição aos seguidores desse Jesus o Nazareno.Mas o que Paulo
não sabia é que o Reino de Deus já havia iniciado com a vinda daquele que ele
tanto odiava. Ao encontrar-se com o Cristo na estrada de Damasco sua vida muda
de rumo, e com ela o cristianismo e o mundo.
Seus primeiros anos como seguidor de Jesus e
sua influencia sobre o Cristianismo
Entender a
cronologia é importante no caso de Gálatas. E por isso tentaremos reconstruir
na medida do possível os fatos baseados no livro de Atos. O livro de Gálatas e
Atos deixam claro que após o incidente na estrada com Cristo, Paulo vai a
Damasco, encontra Ananias e é instruído quanto a ordem do Senhor que ele era
instrumento a pregar o evangelho aos gentios (At.9:10-19).
Lucas
afirma em seguida que “logo pregava Paulo nas sinagogas”, porém em Gálatas
1:15-17 Paulo informa que esse chamado para pregar aos Gentios ocorreu não por
causa de ensino humano, mas ao ele ir para Arábia e depois voltando a Damasco.
O tempo não nos é informado.
Após
convicção de seu chamado vemos Paulo pregando em Damasco durante 3 anos
(Gal.1:18). Durante esses 3 anos Paulo deixa os judeus confusos, pois ele era
perseguidor dos seguidores de Cristo e agora afirma ser essa “heresia” verdade.
Os judeus tentam matá-lo como ela havia feito (At.8:21-25). Ele então foge para
Jerusalém onde conversou com Pedro e Tiago o irmão de Jesus por 15 dias (Gal.1:18,19).
Enquanto
isso, Filipe e Pedro estão pregando aos gentios na Palestina (At.8). esses
dados são importantes para Paulo porque os seus acusadores afirmavam que a
mensagem de Paulo era tradição humana e não em conformidade com os ensinos nem
dos judeus nem dos cristãos de Jerusalém (a religião pura). Mas ao falar de sua
associação com Gamaliel e Pedro, ao mesmo tempo deixando claro que sua mensagem
era divina e não humana, Paulo remove a dualidade do argumento dos seus
opositores.
Mas por que
eles acusavam Paulo? O que tinha de diferente na pregação de Pedro e Paulo?
Note o que acontece em seguida. Após sair de Jerusalém ele vai para Cesaréia
(At.9:30; Síria em Gal.1:21) e depois para sua casa em Tarso na Cilícia (mesmos
textos). Lá ele ficaria por anos, talvez os 14 que ele menciona em Gal.2:1. E
então é “esquecido” pela igreja de Jerusalém (Gal.1:21-24).
Durante
essa década “a igreja, na verdade tinha
paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor
do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número.” (At.9:31)
Pedro,
Filipe e os cristãos espalhados pela perseguição de Saulo agora pregavam em paz
o evangelho de Jesus Cristo. Mas ao que parece essa pregação era apenas aos judeus
(At.11:19 -note a relação novamente que Lucas faz entre Estévão, perseguição e
pregação do Evangelho), pois Deus tem que trazer outra dificuldade para
modificar os pensamentos da igreja. Primeiro Deus usa Saulo para espalhar a
igreja centrada em Jerusalém, agora Cornélio e Pedro para quebrar a divisão
entre Cristãos-judeus e Gentios.
A história
de Cornélio ocorre no período que Paulo está “desconhecido” pela igreja, em
Tarso. E não é por causa da pregação de Paulo, mas de Pedro que a igreja
perburba-se e discute o tema da missão aos gentios. Em Atos 11 vemos que os
cristãos de Jerusalém questionam o trabalho de Pedro e o interroga. Ao ouvirem
Pedro “apaziguaram-se e glorificaram a
Deus” (v.18). Mas a vinda de Paulo e o concílio em Jerusalém em Atos 15
deixa claro que a implicação do evangelho aos Gentios não estava clara aos
líderes da igreja.
Barnabé e o ponto de mudança
Atos 11:19
e 20 é um texto esclarecedor. Enquanto os cristãos hebreus (de Jerusalém)
pregavam apenas aos gentios, a passagem informa que os judeus-cristãos da
Diáspora anunciam também aos gregos. Mais uma controvérsia se levanta na igreja
em Jerusalém que envia Barnabé para averiguar a situação em Antioquia (v.22).
Lembre-se que Barnabé é aquele que recebe Paulo em Jerusalém em sua primeira
visita, enquanto os judeus-cristãos têm medo de ser ele ainda o perseguidor
(At.9:27).
É Barnabé
que o introduz aos apóstolos Pedro e Tiago. Ele como Paulo também era um judeu
da Diáspora, natural de Chipre e levita, havia se convertido logo no início da
pregação antes da morte de Estévão. Barnabé havia vendido tudo e dado o seu
dinheiro para causa do Messias Jesus, ao contrário de Ananias e Safira
(At.4:36,37). É esse Barnabé, que entende os cristãos gregos, e conhece a Paulo
que vai a Antioquia a mando da igreja de Jerusalém.
Ao ver o
grande crescimento da igreja e a manifestação do Espírito, Barnabé se alegra.
Mas por que então ele vai para Tarso quase 250 km, sem GPS e endereço, para
buscar Paulo? Gostei do que sugeriu o professor de Novo Testamento do Seminário
da Andrews Ranko Stefanovic. Para Ranko, a igreja de Antioquia, sendo uma
cidade grande (cerca de 600 mil habitantes), e rica, possuía muitos judeus.
Pelo
contexto mais metropolitano a igreja deveria ser bem diferente da formada em
Jerusalém. Sem liturgia em Hebraico, com músicas mais “contemporâneas” e
costumes inovadores, os cristãos em Antioquia falavam a língua do povo, e por
isso “muita gente se uniu ao Senhor” (11:24).
Sem saber como administrar tal igreja, Barnabé lembra de Saulo e do seu
trabalho em Damasco anos atrás. Ele tem certeza que Saulo era o homem ideal
para dirigir o evangelismo peculiar de Antioquia.
Nesse
contexto, da vinda de Paulo e Barnabé para Antioquia que a missão aos gentios
toma forma. É nessa cidade que pela primeira vez o nome “cristão” é usado para
esse grupo de seguidores de Jesus (v.26). É essa igreja que envia tempo depois
a mesma dupla de líderes para evangelizar outros gentios. E quão o primeiro
local? A província natal de Barnabé, Chipre, e logo em seguida a Pisídia, ao
sul da Turquia, possível Galácia da carta de Paulo.
É nessa
viagem que Timóteo é convertido ao cristianismo e que gera as controvérsias do
concílio de Jerusalém (ver At.13-14). Pois ao final de sua viagem (que deve ter
demorado meses) Lucas descreve que “alguns
indivíduos que desceram da Judéia ensinavam aos irmãos: se não vos
circuncidardes segundo o costume de Moisés não poderei ser salvos. Tendo havido
da parte de Paulo e Barnabé contenda e não
pequena discussão com eles, resolveram que esses dois e alguns outros
dentre eles subissem a Jerusalém, aos apóstolos e presbíteros com respeito a
questão.” (At.15:1-2)
Se a visita
dePaulo em Gal.2:1 é antes da sua viagem missionária essa “não pequena
discussão” pode ser o mesmo evento com Pedro descrito por Paulo em Gal.2. Mas
creio não ser esse o caso. Primeiro porque Lucas coloca esse grande debate após
a viagem missionária e Gal.2:9 deixa indicar que a viagem aos gentios foi
depois do ocorrido. Mas os dados não são precisos.
Em minha
mente a reconstrução dos fatos é a seguinte: Paulo e Barnabé fazer a 1ª. viagem
missionária, voltam para Antioquia, ocorre o debate de At.15:1,2, a dupla vai
para Jerusalém onde ocorre o Concílio. Eles voltam para Antioquia ensinando as
decisões da reunião e ficam lá por um tempo (At.15:30-35). Nesse tempo Pedro
(talvez enviado pela igreja de Jerusalém para certificar-se que está tudo bem),
encontra-se com Paulo em Antioquia e a discusão em Gal.2:11-14 ocorre.
Por causa
dessa desavença entre Paulo, Barnabé e Pedro, e o fato de Barnabé querer levar
Marcos, a dupla missionária aos gentios é desfeita (At.15:36-41). A impaciência
de Paulo com Barnabé pode ser lida no contexto da falha (falsidade) de Barnabé
em querer agradar o partido de Tiago de Jerusalém. O desejo da dupla era
visitar novamente as igreja no sul da Galácia (Pisídia), sendo que com a
separação, Barnabé segue o caminho outrora feito, e Paulo vai por terra
passando por sua cidade natal, Tarso (At.15:40-41).
Relação com Gálatas
Vamos ver
com mais detalhes esses eventos e qual a relação deles com a carta que estamos
estudando, a carta aos Gálatas. Provavelmente a carta aos Gálatas foi escrita
após o início da terceira viagem missionária de Paulo. Pois após a segunda
viagem, Paulo termina visitando Jerusalém e Antioquia. Em seguida inicia outra
viagem (3ª) novamente pela Galácia “confirmando
todos os discípulos” (At.18:23). O fato de confirmar indica a presença de cristãos já estabelecidos, o que
provavelmente era os conversos de sua 1ª. e 2ª. viagem.
Ao
permanecer em Éfeso Paulo ouve que a igreja na região que ele acabara de
confirmar no Senhor estava sendo influenciados por “outro evangelho”. O fato de
ser outro “evangelho” deixa claro que são cristãos que ensinaram uma ‘nova’ roupagem
do cristianismo. Os debates anteriores em Atos 11,14-15 e Gálatas 1 mostra que
haviam facções de judeus-cristãos (das seitas dos fariseus – At.15:5) que
acreditavam em uma aceitação ao cristianismo diferente do que Paulo. Os
detalhes não nós é informado no Novo Testamento mas alguns fatores são
descritos.
Em Atos
15:5 o ponto levantado pela seita dos fariseus é que era “necessário circuncidá-los e determiunar-lhes que observassem a lei de
Moisés.” Em Gálatas o assunto da circuncisão é usado por Paulo e explicado
por ele como não sendo obrigatório para a salvação dos gentios (mais detalhes
no futuro). Ao escrever aos Gálatas outro ponto de divisão é sugerido, o de judeus
partilhar com gentios refeições.
Jesus havia
sido condenado de impureza ritual anteriormente pelos fariseus. Pedro não
queria nem entrar na casa de Cornélio, e agora ele comia com gentios até os
rígidos cristãos de Jerusalém chegarem. “Por
fim veio a apartar-se temendo os da circuncisão”. (Gal.2:12) É bem provável
que esses “da circuncisão” sejam os mesmos de At.15:5 e que mais tarde
espalharam suas teorias nas igreja da Galácia após Paulo confirmar os cristãos
nessa região.
Assim temos
o assunto de leis de purificação judaica e circuncisão bem latentes como pano
de fundo da carta. Mas o que significava mesmo esse rituais? Quais os valores
atribuidos pelos judeus e cristãos a esses ritos? Qual a relação com a salvação
em Cristo? Seria o evangelho de Paulo o mesmo dos apóstolos em Jerusalém?
Essas
indagações são importantíssimas ainda hoje e precisam ser respondidas. Mas isso
deixaremos para depois. O fato é que Paulo ao saber da influencia desses
judaizantes em Gálatas se enraivesse e escreve sua mais dura carta. Para Paulo
os cristãos em Gálatas estavam correndo o risco de perderem a salvação por
acreditarem em outro evangelho.
Comunicação
divina de hoje: Quão o evangelho que
acreditamos? Como o nosso passado tem influenciado em nossas crenças e
interpretações da bíblia? Acreditar no que a Bíblia afirma não é tão simples
quanto o que parece. Creio que devemos investigar mais o significado de lei,
tradições e graça afim de não corrermos o risco de perdermos o rumo como os
Gálatas.