A expressão “no fim do tempo” (et qetz) de Dan 11:40 marca o período
histórico desses versos (11:40-12:3). Ela é usada anteriormente em Dan 8:17. Em
Dan 8 esse é o tempo final dos 2300 anos. Na interpretação profética
historicista esse período termina em 1844 AD. O anjo que interpreta a visão
parece sugerir que o tempo do fim (8:17,19) é o período final e posterior aos
2300 anos num futuro distante do profeta Daniel (8:26).
Em Dan 12:4,6,9 o anjo diz a Daniel que o livro deverá ser selado até o
“tempo do fim” (et qetz) quando ele seria aberto ou compreendido no
período final das 2300 anos. Portanto, os eventos de Dan 11:40-12:3 devem ser
interpretados como eventos históricos cerca de 1844 AD quando o livro deixa de
ser selado (aberto – compreendido. Em Dan 11 essa expressão ocorre antes no
v.35 mas o anjo deixa claro que se refere ao futuro dos eventos ali descritos,
como no v.27, com o qualificador moed (tempo determinado – como estações em Gen
1:14).
Durante ou após a compreensão profética dos livros de Daniel e Apocalipse
nos anos próximos a 1844 o rei do norte lutará com o rei do sul novamente
(v.40). Perceba que o reino do sul não havia sido mencionado em Dan 11 desde o
v.15 (Quando Roma surge no cenário de Dan 11? (11:14-22)). O reino do norte em 11:15-16 é Roma que vence
os Gregos (rei do sul) e conquista a terra prazerosa (Palestina).
No v.45 há a descrição sobre o final desses poderes, é o final do tempo do
fim. Nesse tempo Miguel surgirá para restaurar Seu povo perseguido por esses
poderes (12:1-3). Essa restauração em Dan 2, 7 e 8 é o estabelecimento do reino
divino após os reinos maus, principalmente Roma, o último. Mas quem é rei do
sul, que não é mencionado desde 11:15?
No historicismo há divergências quanto a quem seja o rei do sul. Roy Gane
and Younker, professores do Seminário Adventista na Andrews University
recentemente propuseram que o rei do sul é o Islã. Urias Smith enxergou o rei
do sul como o poder Islâmico Otomano representato pelo Egito e os Turcos em
contrapartida aos poderes europeus de Napoleão Bonaparte. O ponto em comum de
ambas as interpretações é ler a “santa e bela montanha” (har-tzevi-qodesh)
literalmente, ou seja, a Palestina ou o território de Jerusalem.
William Shea, Hans LaRondelle e Tiago White enxergam a “santa montanha” de
forma diferente e não geográfica. Na hermenêutica deles à luz do Novo
Testamento principalmente do livro de Apocalipse os símbolos apocalípticos pós-cruz
devem ser interpretados espiritualmente pois não há Israel geográfico e sim
como um povo que aceita o Messias (Cristo). A profecia continua tendo seus
parâmetros geográficos na Palestina e Jerusalem em seu centro de referência
pois esse era o local do Templo da época do profeta Daniel.
Nesse prisma o rei do sul é o Egito não geográfico mas espiritual como os
profetas Isaías e outros já haviam indicado. O Egito é o poder inimigo de Deus.
Em Apoc 11:8 o Egito é o nome do poder inimigo de Deus. A passagem de Apoc 11 é
vista por “todos” os Adventistas historicistas (tendo Ellen G. White Grande
Conflito como suporte) como sendo a França ateísta contra o Cristianismo.
Visto que a profecia ainda não se cumpriu é difícil saber quem está
correto. O ponto de discusão aqui é como interpretar “terra” em profecia
apocalíptica. Os literalistas (Smith, Gane e Younker) vêm Egito Islâmico como o
rei do sul enquanto os espiritualizadores acham que o rei do sul seja o ateísmo
iniciado na Revolução Francesa (França).
Quais as implicações de cada interpretação? Continua em breve...
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