Daniel 11 não é um capítulo fácil de ser entendido. No entanto, como
profecia ela foi escrita com o intuito de revelar o desenvolver da história da
salvação. De acordo com a interpretação profética historicista textos claros devem iluminar passagens não tão claras. Neste
caso, para entendermos Daniel 11 devemos compará-lo com profecias anteriores no
próprio livro.
Por esse método comparativo pode-se
notar que todas as profecias apocalípticas (Dan 2,7,8-9,11-12) possuem
um esquema semelhante. Através de paralelos textuais claros o leitor atencioso
percebe pontos de referência ou pontos de transição histórica em Dan 11 à luz
de clara explicação em profecias anteriores. Por exemplo:
11:2 – Pérsia (Dan 8:20)
11:2 – Grécia (Dan 8:21)
11:3 – poderoso rei da Grécia (8:21 – Alexandre)
11:4 – espalhados para os 4 ventos do céu (8:22 –império de Alexandre
dividido em 4 seções)
11:16 – bela terra conquistada (bela
= Heb. tzebi 8:9 – império após Grécia [Roma] conquista
Palestina)
11:22 – Príncipe da Aliança será destruído (9:25 – Romanos “cortam” o
Messias Príncipe)
11:30 – Santa Aliança (9:27 – Jesus confirma aliança com verdadeiro Israel)
11:31 – profanação do Santuário, remoção do ‘diário’ e instituição da
abominação desoladora (8:11,12; 9:26,27 – desde o tempo de Jesus os Romanos
atacam o sistema de culto divino com abominações)
Vendo os paralelos acima podemos demarcar pontos históricos em Dan 11. A
sequência de reinos é a mesma de visões anteriores: Medo-Pérsia, Grécia, Roma
até o fim (11:35,40,45). A cronologia e o cumprimento histórico contínuo (do
tempo do profeta até o estabelecimento do reino de Deus) ainda prevalece em Dan
11. O paralelismo delineado acima ajuda o intérprete a demarcar claramente Dan
11 na história. Tais demarcações são explicadas pelo próprio livro (anjos).
A partir do esquema acima podemos explicar Dan 11 da seguinte forma: v.1-2
= Medo-Pérsia, v.3-15 = Grécia, v.16-22 = Roma até o tempo de Jesus Cristo,
v.31-12:1= Roma papal até o fim (cf.12:11). Tal esquema deve ser no entanto
refinado, principalmente os v.16-30, onde as descrições são semelhantes aos do
chifre “pequeno” de Dan 7 e 8. O que essas descrições sugerem é que apesar das
fases (pagã e papal) o poder Romano continua o mesmo como em Dan 8 (o chifre
“pequeno” é tanto Roma pagã como papal) e Dan 7 (chifre “pequeno” surge da
besta Romana).
O intérprete de profecias apocalípticas deve sempre ter em mente que textos
apocalípticos estão interessados em descrever “história sagrada” à luz do povo
de Deus. Assim o foco será eventos marcantes na história da redenção e não
detalhes exaustivos. Isso permite certo intervalo de tempo ou generalizações
cronológicas mas nunca grandes intervalos de tempo entre um poder e outro (como
no futurismo). Ao interpretar profecias apocalípticas deve-se procurar
atentatemente por padrões ou coerência contextual.
Comunicação divina: Deus é coerente não somente em Suas revelações mas em Sua obra de salvação explicadas nessas profecias.
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