Já vimos que em Israel reis, profetas e sacerdotes eram ungidos, e Jesus
também foi de acordo com o NT cumprindo a função dos três. No Adventismo há
pelo menos duas interpretações acerca do “príncipe”. Uma linha (e.g.William
Shea) interpreta o príncipe como Jesus nos versos 25 - mashiah
nagid (príncipe ungido) e 26 – mashiah (ungido). Consequentemente ‘am
nagid haba’ (povo do príncipe a vir) é identificado como sendo os
Judeus no tempo de Jesus Cristo.
Enquanto isso, Roy Gane interpreta o
nagid (príncipe) do v.26 como
Tito, o general/imperador Romano. Esse líder pagão “viria” (haba’)
para “destruir a cidade e o santuário”. Assim o ‘am nagid haba’ (povo
do príncipe a vir) deve ser os Romanos. Para Gane o ungido do v.25 não é o
mesmo do v.26. Como Shea, Gane também interpreta v.25 como Jesus Cristo.
A diferença nas interpretações é o ponto de conexão do v.26. Enquanto Shea
enfatiza a conexão do nagid com o verso anterior, Gane enxerga uma maior conexão com a destruição
descrita no verso a ser executada por esse nagid. Que Jerusalém foi
destruida pelos Romanos em 70AD não é questionado. As implicações são as
seguintes: para Shea a destruição da cidade e do Santuário são resultados dos
pecados de Israel; para Gane o focus da destruição é removido dos Judeus para
os Romanos.
Em Daniel
10 forças espirituais que influenciam os reis pagãos são descritos como príncipes,
mas nesse capítulo a palavra sar e não nagid é usada (Dan 10:13,
20). Essa mesma palavra também qualifica Jesus. Ele é identificado como hasarim ha rishonim (o principal/primeiro dos príncipes
– v.13). Portanto, em Daniel a terminologia de “príncipe” pode ser tanto um
poder divino ou contra Deus.
O interessante
é que em Daniel 10 os “príncipes” são seres espirituais – não criaturas humanas
(Jesus ou demônios). Se isso for aplicado a Daniel 9 a interpretação do nagid como Tito deve ser revista. Outra
ideia que sugere a coerência argumentativa de Shea é Dan 11:22, onde a expressão
nagid berit (príncipe da aliança) é usada, e eles concordam que nesse caso o texto fala de Jesus Cristo.
Não ignoremos
porém o argumento de Gane acerca de Dan 9:25-27. Ele enxerga um paralelismo
ABABAB onde a primeira parte (A) descreve atividade de Jesus e a segunda (B) a
destruição. Isso significa que o príncipe deve ser colocado na seção B com a
destruição separada das atividade Messianicas. Para ele isso é coerente com o
esquema das visões em Daniel 7 e 8 onde o poder assolador (que destrói) é
sempre o inimigo de Deus (chifre que começa pequeno) representado por Roma que
persegue Jesus e Seu povo. Assim, Tito como o principe dos Romanos se encaixa
perfeitamente nesse esquema.