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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Adoração no exílio

lição 10 - Adoração: Do exílio à restauração

Adoração, templo e exílio. A ligação entre esses temas é o objeto de estudo da lição dessa semana. Como vimos em estudos anteriores, culto é uma interação entre dois seres, um divino e outro humano. Nessa interação comunicativa os dois respondem (reagem) à ação do outro. Ao mesmo tempo os homens respondem a manifestação do Criador. O Senhor Deus age conforme as ações humanas. Compreendendo essa interação entenderemos o papel da lei e do sacrifício no santuário e no exílio.

Idolatrando em Jerusalém

Por ocasião da saída dos descendentes de Abraão do Egito, o povo de Deus se torna uma nação de sacerdotes (Ex.15). Como vimos nas duas primeiras lições há diferenças marcantes entre o culto Israelita antes do santuário e o culto pós-santuário. Mas há semelhanças essenciais do altar e do sábado, como também já estudamos.

Esses dois elementos, altar e sábado, ensinavam Israel que o culto verdadeiro era oferecido ao Criador pelo que Ele fez, faz e fará. O foco do sábado e do altar são as ações divinas e não humanas na salvação do mundo. Relacionando a criação primordial, o sábado lembra o adorador de sua existência, e em relação a nova criação, sua dependência.

Como também já vimos no estudo do Êxodo, a libertação ocorre por causa da adoração verdadeira. Deus se revela a Moisés, pedindo que este informasse faraó que Israel precisava sair para “adorar”. O Senhor fere com pragas a natureza que simbolizava os deuses africanos, deixando claro quem era o verdadeiro Deus. E ao mesmo tempo ensina o esquecido povo de Israel que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó era o Senhor.

Esse evento foi tão marcante na cultura Israelita, e nos que escreveram a Bíblia, que ele se torna paradigmático. Os exílios e libertações que se seguem refletem essa mesma história de esquecimento por parte de Israel, idolatria, pragas divinas, libertação e construção do templo.

Por duas vezes, uma à primeira geração do Egito, e outra à segunda depois de quarenta anos, Moisés ensina a Israel o relacionamento divino-humano. Em Lev.26 e Deut.7 e 28 encontramos os mais detalhados ensinos sobre o regimento do relacionamento entre Deus e Israel. De acordo com tais textos, o culto é elemento chave (Lev.26:1; Deut.7:4 e 28:14).

Israel deveria tomar cuidado em não voltar à idolatria, como no passado quando escravos. Eles deveriam lembrar que o Senhor era o único Deus, o qual os livrou do cativeiro no Egito e ofereceu terras de abundância. Aos que continuassem a adorá-lo, bênçãos sem medida seguiriam naturalmente, pois eles estavam com o Deus da vida (Lev.26:3-13; Deut.7:12-24 e 28:1-13).

No entanto, logicamente, os que voltassem às práticas idolátricas do Egito receberiam o contrário (Lev.26:14-46; Deut.28:15-68). O culto era, portanto, central nessa equação. Se os Israelitas adorassem o deus errado, coisas erradas resultariam em suas vidas. Se escolhessem o Deus certo, coisas boas ocorreriam.

Ah se nosso relacionamento no Grande Conflito fosse sempre assim, preto no branco! Mas o resto das Escrituras mostram que há exceções (e.g. Jó, Daniel, Ezequiel, Jesus, Pedro, Paulo). Não é nosso interesse nos focar na exceção, mas na regra.E a regra é clara, já dizia Arnaldo Cesar Coelho.

De acordo com essas passagens, o culto verdadeiro garantiria vida aos Israelitas. O que nos interessa ainda mais nesses textos é a progressão das punições, encontrada mais claramente em Levíticos. Nele há uma cadência de quatro 7 (“sete vezes mais...”). Na cadência dos 7 Deus explica que o motivo da punição é redentivo. Após a primeira aflição de doenças (contraste com Ex.15:26) vem a primeira intensificação das maldições:

Se ainda assim com isto não me ouvirdes, tornarei a castigar-vos sete vezes mais por causa dos vossos pecados.” (v.18)

E assim por quatro vezes (Lev. 26:18,21,24,28). Vem a doença, a seca, perseguição dos animais, espada inimiga, a fome e por fim o exílio. O mesmo ocorre sem a sequência dos sete em Deut.28. O exílio é o ápice das maldições contra a idolatria. Ela é o último castigo contra a desobediência à salvação oferecida pelo Criador por meio do sábado e do sacrifício no altar.

Lev.26:34 informa ainda que apenas com o exílio a terra descansaria como o homem no sábado semanal, ecoando a linguagem dos anos sabáticos de Lev.25. Esdras, ao registrar após o cativeiro o exílio, faz essa conexão (IICr.36:21) juntamente com a profecia de Jeremias. Em Jeremias 25:12 e 29:10 Deus informa que o cativeiro Babilônico duraria 70 anos (7 – sabático x 10 – completo).

Ao investigar o contexto das profecias de Jeremias observamos que a razão do cativeiro é a mesma de Lev.26 e Deut.28, a idolatria e desobediência às leis do Criador, principalmente a quebra do sábado. Jer.25:4-7 deixa claro que a idolatria e a rejeição dos profetas enviados por Deus para advertir Israel dos seus pecados (II Cr.36:16) causou o exílio em Babilônia e a destruição do templo em Jerusalém.

Apesar dos rituais oferecidos no templo, dos muitos sacrifícios no altar, a vida dos adoradores não estava transformada pelo amor de Deus. Seus corações não estavam circuncidados do mal (Lev.26:41 e Deut.10:16). Não bastava a aparência. Na adoração verdadeira, a humilhação perante Deus é completa pois tudo vem dEle, o altar, o fogo, o sacrifício. Mas Israel havia esquecido como muitos hoje. E assim o templo divino, usado para idolatria ritualística, fora destruído por Nabucodonosor.

Adorando em Babilônia

Como o livro de Ezequias mostra, por causa da idolatria de Israel a glória do Senhor abandona Jerusalém. A cidade é desolada, sem o rei da glória para trazer paz a terra. A glória divina abandona Jerusalém, mas não Israel. Deus segue o seu povo mesmo no pecado do cativeiro. A glória que antes enchera o tabernáculo Mosaico, o templo Salomônico, agora enche a terra da Babilônia, que se torna o santuário (Ez.11:16).

Que maravilhosa descrição! O homem pode abandonar a glória divina, mas ela não desiste do pecado humano. Israel pode quebrar sua aliança com o Deus de Abraão e Davi, contudo a fidelidade do Senhor é grande e sua misericórdia dura para sempre. Os Israelitas no cativeiro acusaram Deus de os ter abandonado. Porém: “Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a esquecer dele, eu todavia, não me esquecerei de ti.” (Is.49:15)

No cativeiro Deus se torna um santuário para o Israel de Jerusalém em ruínas. Para os que tem sede, Deus se torna água. Para os que são órfãos, Deus se torna Pai. Para os culpados, Deus se torna pecado. Para os condenados, Deus se torna justiça. Em Cristo tudo o que não temos e o que não somos se torna real. Tudo o que precisamos em nossa situação de exílio nos é garantido por Jesus. “Lhes servirei de santuário.”(Ez.11:16)

Com a glória em Babilônia, Israel poderia adorar. Ao contrário do Deus Babilônico, o Criador não se limita a construções e ações humanas. A glória divina habita onde quer e quando desejar. Por ocasião do exílio Babilônico a glória de Deus acompanhava os exilados, o triste, porém, é que nem todos exilados acompanhavam a glória. Mesmo com os profetas e a história ensinando seus erros, muitos Israelitas no exílio continuaram em sua apostasia.

No entanto nem todos esqueceram a glória de Deus e a verdadeira adoração. Daniel 1 e 3 mostra que mesmo em Babilônia podemos adorar ao Criador. O quarto elemento na fornalha exprime a verdade de Ez.11:16, Deus estava com Seu povo. A presença de Deus não apenas protegia fisicamente como também em revelações especiais protegia o futuro de Israel contra a idolatria.

Foi no exílio que Daniel e Ezequiel receberam visões sobre o tempo do fim. É no exílio que os fundamentos proféticos da vinda do Messias são estabelecidos. E o Messias tem tudo a ver com adoração e cativeiro. É Ele quem nos livra do pecado e merece toda honra e louvor. O conhecimento das profecias acerca da atividade Messiânica (Dan.7-9) é de fundamental importância à adoração dos exilados.

O homem pode abandonar a glória divina, mas ela não desiste do pecado humano.

A promessa que Deus libertaria Seu povo, que o santuário seria restaurado e que o pecado terminaria é motivador ao adorador. A segunda visão de Daniel é dada em linguagem dos sacrifícios no santuário, mas especificamente do dia da expiação (o juízo). Pois apenas nessa festa o bode e o carneiro eram oferecidos juntos (Lev.16). É nessa visão que a base da doutrina Adventista é dada (Dn.8:14).

Em resposta à visão Daniel ora à luz da profecia de Jeremias. Fazendo as contas, os 70 anos para a restauração estava perto, e como Deus pedira (Jer.29:12,13), ele orava por intervenção divina. Em sua oração (Dan.9) ele reconhece que fora a idolatria e desobediência aos profetas que causara o cativeiro. Ele pede perdão e clama por misericórdia. Isso é adoração verdadeira no exílio.

E Deus responde o culto oferecido por Daniel na hora do sacrifício (Dan.9:21). Como Daniel podemos/devemos oferecer nossos sacrifícios de oração ao Senhor que habita no verdadeiro tabernáculo no céu (Rom.12:1,2 e Heb.4:16), porque também estamos em exílio. A reposta divina é uma das mais importantes profecias da Bíblia, a data da vinda do Messias, a razão da verdadeira adoração. Ele viria para cumprir todo o significado dos sacrifícios outrora oferecidos (Dan.9:24 e 26).

No contexto do ano sabático de Jeremias 29 e os 70 anos de cativeiro por causa da idolatria, o anjo revela a vinda e morte da imagem suprema de Deus, Seu Filho. Se o cativeiro foi 70 anos, o período de misericórdia é 7 vezes 70 = 490 anos. Assim como Deus intensificou por 7, quatro vezes, a pena do pecado em Levítico, agora Ele multiplica por 7 a Sua misericórdia. Mas não apenas 4 vezes, mas 7x70. Onde abundou o pecado, superabundou a graça. E isso é extremamente importante na adoração verdadeira.

O conceito da salvação pela graça é central no culto verdadeiro. Como já vimos, isso já vem sido ensinado desde o Éden por meio do sábado e do altar. O Messias une esses dois elementos do culto em Si, o sacrifício e o nosso descanso. Em Cristo a verdadeira adoração é alcançada. Daniel 8 e 9 se tornam assim chaves na adoração verdadeira dos cativos.

De volta a Jerusalém?

Alguns anos depois da revelação de Daniel 9, Israel volta a Jerusalém e o templo anos depois é restaurado, como prometido. O Messias vem, a glória do Senhor enche o templo (Luc.2), porém muitas pessoas continuaram ainda sem entender o que significava adorar em espírito e em verdade. Esdras, Neemias, Ageu, Zacarias, Malaquias e finalmente João Batista continuaram a advertir o povo de Deus de seus falsos costumes na adoração.

É verdade que eles estavam de volta à cidade de Jerusalém, mas não convertidos ao Senhor da cidade. Sacrificavam animais mas não seus pecados. Ofereciam ofertas mas não suas vidas. E isso fez com que acabassem crucificando o Messias. Apegados ao templo e seus rituais, como seus antepassados no tempo de Jeremias (Jer.7:1-15), rejeitaram Aquele que santificava o templo e dava significado ao culto.

E por isso, como determinado, o templo foi destruído e eles foram espalhados pela terra, agora não mais babilônia, mas Roma. Porque mesmo em Jerusalém eles adoravam como em Babilônia. Não corremos nós o mesmo risco? Como Adventistas não veneramos imagens, nem guardamos o domingo como Roma/Babilônia atual. Mas será que temos esquecido Aquele que dá todo o significado ao nosso culto? Será que tenho feito Deus a minha imagem e não o oposto?

Como no tempo de Daniel estamos em cativeiro. Babilônia reina na terra. Mas temos acesso ao santuário celestial como o profeta. Em resposta Deus tem enviado não apenas um anjo, mas 3 mensagens angélicas nos advertindo sobre Sua vinda, o juízo e o culto verdadeiro (Apoc.14:6-12). Como Daniel devemos abandonar a dieta, os deuses e os costumes de Babilônia. Olhando para o santuário no céu, onde nosso Sumo Sacerdote intercede, devemos rogar incessantemente por livramento.

Livramento de nossos pecados, livramento de nosso povo do exílio desse mundo. Confiando nas profecias e promessas reveladas por Deus, devemos confiar que o livramento está próximo. É nosso dever “buscar de todo o coração” (Jer.29:13). Já é tempo de uma reforma e reavivamento em nossa vida e nossas igrejas. O Senhor espera ansiosamente por nossa súplica.

Os 70 anos de cativeiro já terminou. Abandonaremos nossos ídolos e nos doaremos por completo ao Messias? Confessaremos nossos pecados e suplicaremos com fé por nosso livramento? Ou ficaremos em Babilônia um pouco mais? Templo, adoração e exílio. Estamos na última vez que essa sequência se repetirá. As lições do passado estão a nossa disposição. Cabe a nós aprender com ela e sair dessa vez vitoriosos.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Idolatria e ritualismo

Lição 8 –Conformidade, concessões e crise na adoração

Introdução

Voando pelo meio do céu três anjos proclamam com urgência a todos os habitantes do planeta. Como uma mãe prestes a perder seus filhos para o cigarro, Deus grita, e repete o caminho da vida. “Temei a Deus e daí-lhe glória...” Em lágrimas o Criador chama e clama pelos Seus filhos, “sai dela povo meu”, e desmascara o engano, “Caiu Babilônia...”, que Satanás criou para destruir a quem Ele tanto ama.

A mensagem de Deus em Apocalipse não é nova. Desde do Éden ela tem esse timbre. Na visão do grande conflito há apenas dois caminhos, a árvore da vida (“temei a Deus e daí-lhe glória”) ou a árvore do conhecimento do bem e do mal (“caiu Babilônia”). Um oferece eternidade de prazer com Deus e o outro “tormento pelos séculos dos séculos”.

A princípio eles parecem bem distintos, e são. Mas Satanás com seus enganos usa da mistura e falsidade para iludir os habitantes da terra. Como a Eva, ele apresenta aos filhos de Deus uma alternativa parecida com a do Criador. Ao mesmo tempo algumas vezes sua oposição ao Criador é clara. Sobre essas duas opções de inimizade contra Deus, sobre essas duas formas de oferecer glória à Satanás que gostaria de refletir, em contraste com a glória oferecida ao Criador.

Os dois caminhos

Ao criar, “tudo fez Deus formoso no seu devido tempo, e colocou a eternidade no coração do homem”. (Ecl.3:11) Coisa algum pode completar a criação sem o Eterno. Mas com Deus, a eternidade permite a humanidade desfrutar “todas as árvores do jardim”. As variedades e possibilidades que o Criador disponibilizou aos homens é eterna, motivando mais e mais seu desenvolvimento.

Mas os planos de Satanás são outros. Fim, e não eternidade foi introduzido pela serpente no jardim. E desde daquele dia fatídico lutamos com o sentimento do eterno dentro de nós sem poder preenche-lo. Por que? A morte reinou desde Adão e com a morte o sonho da eternidade virou pesadelo. Porém, o Criador não poderia deixar seus filhos sem esperança. Deixou a eternidade dentro deles para que desejassem algo mais que suas vidas de pecado, que escolheram.

A eternidade foi oferecida no altar e no sábado. Na adoração verdadeira a criatura reencontra seu plano original e seu Planejador. No sábado o homem beija a eternidade como um noivo por um véu a sua amada. No sacrifício Deus lampeja eternidade como que raios numa chuva. No dia santo o tempo pára, os esforços humanos também. É tempo divino, é Deus presente. O “Pai da eternidade, o Príncipe da paz” reina trazendo o Éden ao pecador.

Na cruz o Eterno morre, o pecado também. A eternidade sofre, mas no primeiro dia vence. A ressurreição gloriosa de Jesus garante o triunfo da eternidade sobre a morte. Não mais levantará o pecado. “Está consumado”, foi o brado do Filho de Deus. Assim, por meio do sábado e do altar Deus continua a instigar a eternidade que deixou dentro do coração de cada um de nós.

Esses dois elementos que trazem a eternidade são a base da adoração verdadeira, que já estudamos anteriormente. Contra esse modelo eterno, através da história percebemos o alternativo diabólico. Percorrendo desde o altar de Caim, a torre de Babel, os altares de Ur, Egito e Babilônia, os falsos messias, reis e sacerdotes corruptos lideraram e ainda lideram o culto falso.

As falsas alternativas possuem uma mesma característica, oposição ao Criador de Gn.1 e a eternidade divina. Para Eva a serpente usou o contraste, “certamente não morrerás”. Já para seu filho Caim ele usou a semelhança, “trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor.” Para os egípcios e babilônicos a serpente iludiu com muitos deuses. Em Israel ela iludiu com muitos ritos.

Percebo que há dois tipos de falsidade que Satanás tem usado para remover a eternidade do coração do seres humanos. Vou chamá-las de idolátrica e ritualística. Essa nomenclatura é uma tentativa de entender como a Bíblia descreve as falsidades no culto. Elas possuem bastante similaridades e uma mesma base. No entanto têm características distintas. Ao analisarmos pelos exemplos bíblicos veremos como evitá-los ao contrastarmos com o verdadeiro.

Os enganos idolátricos

A idolatria é a substituição de ícones mentais e físicos na adoração verdadeira. A princípio Satanás não disse a Caim que Deus não existia e que o Éden era um mito. Mesmo porque era auto-evidente tais fatos, ele morava na porta do jardim com dois anjos, como seu pai Adão o contara. A existência de Deus, o altar do Senhor eram partes bem vivas em sua vida. Elas integravam sua visão de mundo.

A mudança de imagem

O erro de Caim foi interpretar os ícones de forma errada. Patriarcas e Profetas esclarece que Caim via a Deus como que um tirano malvado, sem amor e compaixão. Como poderia Ele os ter tirado do paraíso?! Com as imagens deturpadas seu culto foi afetado. Ele não trouxera completamente o que Deus pedira, em rebelião oferece o que quer.

Muitos cristãos hoje possuem essa mesma experiência. Enxergam Deus de uma forma deturpada, não como a Revelação ensina. Como cresceram no cristianismo, oferecem suas ofertas com tom de rebelião, pois ao olharem para o Éden enxergam mais a pena que a promessa. Como Caim eles precisam de uma clara compreensão de quem é Deus e porque Ele age como age. O Senhor marca a Caim e o protege com misericórdia para o ensinar quem Ele verdadeiramente era.

Mas a idolatria não se limita à substituição de ícones mentais (visões de mundo). Ao mudar o conceito de Deus, a forma do culto é alterada. Caim não trouxe o animal. O altar era o mesmo, mas a oferta não. Em Canaã templos foram achados com muita similaridade ao Israelita. Ritos em Babilônia, Egito, Grécia e Índia se assemelham bastante ao culto do santuário do Criador. Mas as modificações fazem toda a diferença.

Para muitas culturas do Oriente Médio Antigo Baal era o deus do céu, criador do universo. Até aqui nenhum problema. Até o Senhor de Israel possuía o mesmo nome e atribuições. Porém, o Baal cananeu possuíam esposa, filhos, e uma sede por sangue. Sem sacrifícios oferecidos pelos homens ele se irava através de catástrofes naturais.

Veja a progressão. O conceito de Deus muda, as imagens divina são alteradas e com eles os ritos. No livro de Êxodo observo essa progressão (ou regressão). Nos capítulos 1 e 4 é descrito que Israel esqueceu quem era o Deus de Abraão. Por causa do esquecimento eles facilmente constroem um bezerro de ouro em Ex.32.

No tempo de Jeroboão o mesmo ocorre. Não era apenas um bezerro mas dois, um em Dã e outro em Betel, um no norte e outro no sul. Até as festas, sacerdotes e rituais era semelhantes ao templo verdadeiro em Jerusalém. O problema de tal religião é que não era a que Deus havia revelado. Substituíram mandamentos divinos por imagens humanas. Isso porque Salomão anteriormente edificara dezenas de altares aos deuses de suas milhares de esposas estrangeiras.

Quando Elias nasce, o conhecimento verdadeiro do Criador estava quase que morto. O altar divino estava em ruínas no Carmelo, escondido numa montanha pegando poeira. Babilônia por meio do Catolicismo sofreu o mesmo processo. Começou mudando o conceito de Deus de temporal para atemporal. O próximo passo era a mudança dos ritos. Estátuas em grandes catedrais de pedra ofereciam salvação por meio do clero. Com o altar verdadeiro sendo esquecido, pouco a pouco o cristianismo é corrompido e transformado.

A vacina

Contra esse progresso de engano Deus indicou aos Israelitas o ensino da lei. Em Deut.6, logo após a repetição do decálogo, o Senhor oferece o antídoto contra a idolatria. “Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; tu as encucarás a teus filhos e delas falaras assentado em tua casa e andando pelo caminho e ao deitar-te e levantar-te. Também atarás como sinal na tua mão...e as escreverás nos umbrais da tua casa e nas tuas portas.” (v.6-9).

Quando gastamos tempo com o que Deus revelou, quando meditamos do que Ele fez, quando lembramos do sábado a idolatria passará longe de nossa casa. Devemos gastar mais tempo com a revelação divina. Saturar nossas crianças com o conhecimento do Altíssimo para vaciná-los contra os enganos mortais da serpente.

O ápice da idolatria

A idolatria possuí um outro nível. Inicialmente Satanás usou elementos divinos para introduzir seu engano. Ao deturpar a figura do Criador ele substitui por completo o culto verdadeiro pelo falso. O Salmista descreve a atitude desses idólatras, “Diz o insensato no seu coração, não há Deus. corrompem-se e praticam abominações.” (Sal.14:1).

pois ao olharem para o Éden enxergam mais a pena que a promessa.

Em uma descrição dos idólatras parecida, Paulo em Romanos 1 afirma que tais “mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível.” (v.23) A criação que deveria exaltar o Criador é usada para glorificar suas paixões. O evolucionismo ao olhar para natureza sem a figura do Deus de Gênesis, glorifica a “criatura (natureza) em lugar do Criador”.(v.25) Esses se tornam “nulos em seus próprios raciocínios”(v.21) e como Caim oferecem o que desejam e não o que Deus revelou, pois a visão que possuem de Deus é deturpada.

Note que ao deturpar a imagem de Deus, Satanás criou idólatras por meio do ateísmo e do politeísmo. Ambos os caminhos negam o caráter do Criador e a origem do pecado. Por conseqüência esses interpretarão o sofrimento, o mal e a morte de forma bem diferente. Caim viu o mal como culpa de Deus, Abel como sua. O evolucionista olha para os erros como processo natural, o Adventista criacionista como sua escolha errada. Tais prestarão cultos bem distintos.

Os enganos ritualísticos

Esse tipo de engano é bem caracterizado por Paulo em I Tim. 3:5, “tendo forma de piedade, negando entretanto o poder.” Esse tipo de engano se desenvolve no primeiro estágio do engano idolátrico mencionado acima. Satanás não muda aparentemente os ritos, nem os nomes Revelados. Nesse modelo, o Senhor Deus de Israel, Criador dos céus e da terra, continua sendo o único Deus; O templo o local de culto; o altar, o local do sacrifício.

Tendo a forma, mas não o poder. Tal engano é mais perigoso e difícil de ser identificado pois aos olhos humanos ele não parece errado. Porém aos olhos de Deus sua iniqüidade é clara. Os profetas gastam talvez mais tempo nesse tipo de engano que no idolátrico. Is.1 e o livro de Malaquias, junto com Mt.23 são ótimas fontes de conhecimento sobre tal engano, que não acontece fora mas dentro da igreja.

De que serve a mim a multidão de vossos sacrifícios?...quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheia de sangue.” (Is.1:11,15) “Cobris o altar do Senhor de lágrimas, de choro e de gemidos, de sorte que ele já não olha para a oferta, nem aceita com prazer da vossa mão. E perguntais por quê? Porque o Senhor foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal.”(Mal.2:13,14) "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a injustiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas."(Mat.23:23)

O que podemos perceber é que tal engano enfatiza tanto a atenção da experiênciareligiosa nos rituais que apontam para Cristo, que nesse esforço esquecem o próprio Cristo. PErceba que Jesus não rejeitou o que eles faziam, mas o que deixava de fazer. Não é a música que tocava na igreja que era errada, nem o tipo de sermão, mas a vida fora da igreja que não autenticava o que diziam dentro dela.

Minha sugestão é que o debate de adoração que ocorre hoje na igreja Adventista tem suas raízes nesse engano. A nova geração de Adventista ao ver os “antigos” líderes com máscaras na igreja e fora delas não aceitam tal religião. Em sua sinceridade a juventude ignora no entanto que o problema não é o que eles fazem, mas o que deixam de fazer. Mas, infelizmente, muitos saem da igreja achando que é o culto “antigo” que está errado e inapropriado.

Vendo tudo isso está Satanás festejando a divisão e inatividade da igreja que “tendo a forma de piedade [nega] o poder”. Que triste! Em contrapartida o inimigo cria movimentos aparente com muito “poder” afim de atrair os fugitivos de tal guerra na igreja verdadeira. Falando muito do Espírito, de cura, do amor, tais igrejas cristãs erram mais pelo que omitem que pelo que fazem. Tais reavivamentos em sua maioria não são produzidos pelo Espírito das Escrituras, mas o fogo é provocado pela Besta.(Ap.13:13)

Tendo a forma, mas não o poder. Tal engano é mais perigoso e difícil de ser identificado pois aos olhos humanos ele não parece errado.

Evolucionismo teísta, santificação do domingo, dons de línguas apenas para exaltação própria, promessas de ganhar dinheiro sem obedecer as Escrituras fazem parte do repertório do Protestantismo apostatado. Esses (não todos), os Adventistas (descritos acima) e os carismáticos, se apegam a ritos, fórmulas religiosas, sentimento não santificados afim de obterem salvação. Esquecem que apenas o sangue de Jesus tem poder para salva-los do pecado.

Qual a cura, Paulo afirma, “fugi destes.” (I Tim.3:5). E “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nela a vida eterna, e são elas que testificam de mim”.(Jo.5:39).

Conclusão

Os mensageiros enviados pelo Criador alertam contra a falsa adoração da besta e sua imagem. Afirmam que Babilônia e seu sistema de culto está falido. Pregar tão mensagem é nosso dever como povo remanescente. Mas antes de proclamá-la devemos ter certeza que entendemos o que ela implica. Devemos examinar nossas Bíblias e vidas para que o verdadeiro Espírito produza reforma e reavivamento.

Transformados pela graça e impelidos pelo amor convocaremos o mundo para a verdadeira adoração ao Criador dos céus e da terra. "Pois vinda é a hora do Seu juízo."

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Poesia do amor

Lição 6 –Adoração, música e louvor!

Para os cristãos ligados nos acontecimentos do mundo está difícil louvar. Guerras que nunca terminam. Inocentes morrendo de fome na Somália por causa da tirania de orgulhosos dominados pelo pecado. Familiares morrendo de câncer. Saudades. Contas para pagar...a lista parece sem fim.

Mas quando olho para Cristo...ah! Quando olho para Criação, para Bíblia, e o que Jesus tem feito na história da humanidade e na minha vida não posso parar de louvar. O contraste entre o que faço e o que Deus faz é parte essencial na música de Israel. Nessa simbiose entre Criador e criatura os poetas Israelitas criaram músicas de lamentações, agradecimentos, testemunhos, exaltação ao Senhor, de adoração corporativa e orações individuais.

Possivelmente nesse sábado, nas IASD do mundo, pessoas sem nenhuma formação ou experiência, e outras poucas até com experiência musical, todas bem intencionadas (espero) estarão discutindo na escola sabatina formas e formatos musicais. Poderão se perder argumentando o que fazemos no culto. Mas infelizmente Jesus e a história da salvação, o que Deus faz, serão esquecidos.

Como adoração na Bíblia centraliza em Deus, gostaria de discutir o assunto de música e louvor nas Escrituras, mantendo o contraste que acho que ela apresenta, acima apresentado. Acho importante lembrar o que a autora da lição indica, que não temos hoje nas Escrituras a melodia nem o ritmo das músicas de Israel. Não temos partituras escritas na Bíblia.

Isso não quer dizer que instrumentos e técnica não são importantes. Mas pelo menos não é o que mais sabemos. Assim, criar um argumento e julgamento sobre “música bíblica” do silêncio histórico e impor ao leitor uma forma que talvez nem seja perceptível na Bíblia, não será o meu foco. Quero refletir o que temos mais claro. O que temos são poesias e histórias. E é sobre elas que gostaria de me ater.

Sábado e altar

Como já observamos anteriormente, adoração verdadeira na Bíblia envolve Criador e criatura. Nesse relacionamento, o que Deus faz promove a resposta da criação. Assim, em uma questão lógica, ação divina precede reação humana no culto. No estudo do Gênesis vimos que o ato da criação (Gn.1-2) é o ato divino principal. E no Êxodo, a nova criação de Israel é adicionada à criação como motivador cúltico.

Esses dois elementos são unidos e simbolizados pelo sábado, o dia de descanso semanal (Ex.20:8-11 e Deut. 5:12-15). Nele a criação lembra que a existência depende completamente do Senhor Deus. Junto com o sábado, o altar se torna peça fundamental na liturgia após o pecado. Assim como o memorial do tempo, o altar lembra das ações divinas, mas no espaço. Juntos eles integram as duas dimensões da existência que envolve o culto e o relacionamento de Deus com o mundo.

Eles, tanto o altar como o sábado, também ensinam que adoração envolve história. Visto que o culto verdadeiro se centraliza nas obras divinas, o conhecimento da história recebe papel importantíssimo. Quando Eva esqueceu o que Deus falou, ela adorou Satanás. Quando Israel esqueceu o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, eles se tornaram escravos no Egito e na Babilônia.

No Sinai Deus apareceu lembrando da história. “Eu sou o Senhor teu Deus que te tirei da terra do Egito...Lembra-te...” (Ex.20). No altar e no sábado Deus lembra de sua promessa em Gn.3:15. O culto de Israel, cheio de festas e ofertas era um constante lembrete do que Deus fez (passado) e faria (futuro) com o Messias. Não é à toa, portanto, que o santuário (o centro espacial da adoração Israelita) se torna um diagrama profético das ações divinas focadas em Cristo (Messias em grego).

História e experiência

É no contexto das ações divinas que a música floresce em Israel. Por esses fatos e outros, percebo que o foco da música na Bíblia é Deus no tempo e no espaço. O que Deus faz na história do mundo e na minha é o que mais motiva a adoração. Por isso que a música é constantemente relacionada ao templo. No santuário, as ofertas ensinavam o sacrifício que Jesus faria. Nas festas, Israel comemorava o que Deus havia feito e nós, olhando hoje, vemos como Deus agiu depois da Cruz.

Os profetas Ezequiel, Daniel e João usam o templo como modelo pedagógico para ensinar os atos de Deus na história. Especialmente Daniel 8, 9 e Apoc.11 e 14, talvez as profecias mais relevantes da Bíblia para nós hoje (o remanescente). É no templo que Davi promove a criação dos músicos sacerdotais e produz a maioria dos Salmos.

É relacionado ao templo que Habacuque, Jeremias, Ana e outros também entoam suas poesias ao Senhor. Pois inspirados pelas ações de Deus na história eles expressam individualmente e em grupo seus sentimentos em música. Música no templo é experiência de pessoas com Deus. O sagrado do profano é distinguido pela presença de Deus nessas experiências. Com esse contexto sobre a produção musical Israelita, vamos refletir o que distintas composições nos informam sobre a música e o culto do povo de Deus antigo.

Experiências contadas

Após 40 anos perambulando nas areias e pedregulhos quentes da península do Sinai, Deus acha por bem criar um seguro de vida para o sofrido Israel (Deut.6:1-2). “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te e ao levantar-te.”(v.4-7)

O seguro de vida era lembrar constantemente das leis do Senhor e de Suas obras. E qual forma melhor de memorizar e trazer à mente, em qualquer lugar, os ensinos de Deus do que por meio de música?! Acho que por isso que os judeus ainda hoje lêem as Sagradas Escrituras cantando. Quão fácil é lembrar de uma música! E se Israel deveria lembrar de Deus para viver, certamente suas músicas falariam dEle.

Seguindo essa tradição, as poesias Israelitas registradas na Bíblia gastarão sua atenção para falar de Deus. Elas são expressas em métricas e gêneros literários diferentes. Mas Deus está sempre presente. Jeremias, ao escrever Lamentações, chora. Habacuque louva o livramento futuro. Miriã o livramento passado. Ana agradece, Davi reclama. E assim as músicas na adoração Israelita envolvem todos os aspectos da vida, como Deus pedira em Deuteronômio 6. Faria bem a nós fazermos o mesmo.

Na primeira música que recordo no Antigo Testamento, Moisés, Miriã e todo Israel cantam logo após o livramento do Mar Vermelho e o cativeiro egípcio. “O Senhor é a minha força e o meu cântico.”(Ex.15:2) O canto de Israel é Deus. Não há outro motivo para cantar senão Deus. E Ele já é suficiente. “Ele me foi por salvação; este é o meu Deus; portanto, eu o louvarei; Ele é o Deus de meu pai; por isso, o exaltarei.” (v.2)

O motivo de Israel cantar junto com Moisés foi pelo que o SENHOR fez e é. Como diz a melodia: ó Senhor, te louvo pelo que tu és, essa é a única razão para eu cantar... Essa única razão, no entanto, não é o único motivo das músicas em Israel. a

Aqui é importante ressaltar a diferença dos gêneros literários nas poesias bíblicas.

O cântico de Moisés, assim como muitos Salmos, exalta o que Deus é através do que Ele fez por Israel. Habacuque, em sua poesia, exalta as obras do Criador em juízo (Hab.3), assim como os Salmos 105 e 106. Nesse tipo de música é comum contar histórias, pois o motivo do cântico são as ações divinas no tempo. Em tais músicas Deus é exaltado como ser supremo e digno de receber todo tipo de expressão de reconhecimento humano.

Mas nem só de alegria é composta a nossa experiência com Deus na história. O livro de Lamentações é o maior (literalmente falando) exemplo disso. Essa música/poesia começa com uma reclamação e acaba com uma pergunta a Deus. Já pensou entrar na igreja e cantar uma música de reclamação a Deus como essa?

“Como jaz solitária a cidade outrora populosa...rejeitou o Senhor o seu altar, e detestou o seu santuário...Ele me levou e me fez andar em trevas e não na luz...Por que te esquecerias de nós para sempre?” (1:1; 2:7; 3:2; 5:20)

Esse era o sentimento honesto do profeta Jeremias, que sofria em lágrima pela cidade e povo santo de Deus. Mas nem a perda de sua família, a destruição de sua nação e a aparente injustiça divina fez com que sua música cessasse ou fosse dirigida a outro ser. Em alegria ou tristeza, Deus continua sendo o motivo central das músicas em Israel. Ao livro de Lamentações juntam-se Salmos como o salmo 10, 13, 22 e outros.

Junto com esse tipo de gênero literário, as poesias/músicas Israelitas ganham contornos de petição e oração. Os que estão aflitos, oprimidos pelo juízo de Deus ou pelo pecado clamam em música ao Criador. “Ó Senhor te responda no dia da tribulação;...do Teu santuário envie socorro...Ó Senhor, da vitória ao rei, responde-nos quando clamarmos.” (Sal.20:1,2,9)

Esse pedidos de socorro são calcados na fidelidade divina demonstrada em ações passadas. A criação e o Êxodo, no entanto, são motivos bem presentes nos salmos. O tema da aliança, ou do pacto divino com os ancestrais, é importantíssimo. Como Deuteronômio estipula, a base do relacionamento entre Deus e Israel é a Lei. A fidelidade divina demonstrada em Seus atos são o fundamento do culto prestado pelo povo (ver. Salmo 80).

Quando o livramento ocorre, o poeta acha ainda mais motivos para cantar. Os cânticos que resultam de livramento divino podem ser divididos em testemunhos ou louvores individuais (Sal.23, 116, 139), e convite ao louvor congregacional (Salmo 81, 100, 113, 150). O que percebo é que em Israel o adorador reclama cantando, questiona em música, pede em poesia e agradece em louvor, tanto individualmente como corporalmente.

O maior dos cânticos

Na Bíblia, a maior “música” é o livro de Cantares (ou Cântico dos Cânticos) de Salomão. Esse livro é um musical, uma história encenada em música (veja a trama entre noivo, noiva e cortejo em diálogo em todo o livro). A única do seu tipo em toda a Bíblia. E qual o seu tema, o amor. Como João bem lembra, “Deus é amor” (I Jo.4:8). Salomão obedece ao pedido divino em Deuteronômio 6 de “amar o Senhor de todo o coração, de toda tua alma e de toda a tua força”. E isso ele reflete em seu poema de casamento.

Em paixão fumegante os noivos descrevem seus sentimentos um ao outro. “Eis que és formosa, ó querida minha, eis que és formosa...Como és formoso amado meu, como és amável!” (1:15,16). Tal paixão verdadeira inspira os que estão ao seu redor, ao ponto de produzir ainda mais música. “Em ti nos regozijaremos e nos alegraremos, do teu amor nos lembraremos, mais do que o vinho; não é sem razão que te amam.” (1:4) Isso é adoração de mais alto nível!

O que produz tamanho amor e canto? O esposo responde ao final da peça: “Porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura o ciúme. As suas brasas são a chama de YHWH (SENHOR), são veementes labaredas. As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor, seria de todo desprezado.” (8:6-7)

Conclusão

Há motivo maior para cantar? Certamente não. O amor de Deus, revelado na criação, no casamento, no Êxodo, no Sinai, na resposta à oração de Ana, no silêncio ao ouvir as reclamação de Jeremias, no perdão ou confissão de Davi, no bramido de Jesus na cruz é o único motivo digno de ser cantado. Jesus Cristo, o maravilhoso Conselheiro, Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe da paz é o motivo suficiente para produzir louvores eternos entre a criação.

Faríamos bem em meditar no exemplo de Israel e usar músicas/poesias cantada para memorizar os atos amorosos de Deus na história. Lembrando que o amor divino deve ser o centro de nossas músicas, e que podem ser expressadas em orações, reclamações, louvores de agradecimento e declarações de amor.