A unção é um evento importante nas 70 semanas de anos em Daniel 8-9. O anjo
conecta a unção com o término da transgressão, o fim da iniquidade e o
estabelecimento da justiça eterna. A linguagem soa como as promessas da vinda do
reino de Deus que trará(ria) livramento do pecado. Como parte desse plano divino de
libertação está a unção do qdsh qdshym (Heb. “santo dos santos ou
santíssimo”).
Em Dan 9:25-27 o “ungido” será removido (Heb.krt), fará cessar as
ofertas no santuário e confirmará a aliança. De acordo com a interpretação
Cristã predominante o “ungido” é Jesus chamado “Ungido” (Grego – “Cristos”, Heb.
“Meshiah”). No NT os apóstolos repetidamente referem-se a unção de Jesus em Seu
batismo. No evangelho de Marcos há um paralelismo entre o batismo de Jesus (Mar
1) e sua crucifixão (Mar 15): duas figuras de Elias, “partido/cortado” (apenas
em 1:10 e 15:38 – referência a krt??), expiração relacionado a Jesus
(espírito), Jesus reconhecido como “Filho de Deus”.
O paralelo é reforçado em Mar 10:38-39 quando Jesus pergunta se Seus
discípulos poderiam ser “batizados” com o batismo de sofrimento (ou sangue)
ainda a ocorrer (futuro – Cruz). Paulo também em Romanos 6 interpreta o batismo
de Jesus com a sua morte, e o próprio Jesus sugere isso em João 3 para
Nicodemos (morte e vida nova do espírito como um batismo).
No Antigo Testamento a unção do qdsh qdshym (Heb. “santo dos santos ou santíssimo”) é a dedicação do santuário. No AT o santuário era ungido com óleo e sangue. Não apenas os utensílios do
tabernáculo como os sacerdotes era ungidos na ocasião de sua inauguração aos
serviços da salvação (Lev 8-9). O livro de Hebreus diz que Jesus veio para estabelecer a verdadeira
ministração no verdadeiro santário (no céu) que foi prefigurado pelo santuário
Mosaico. Na mesma maneira as coisas celestiais deveriam ser “ungidas” (Heb 9).
Lembrando que o santuário
era a habitação de Deus com a humanidade (Exo 25:8-9) podemos entender a relação entre o santuário e pessoas ungidas no Antigo Israel. Sacerdotes, reis e profetas eram ungidos. Eles eram representates de Deus,
podemos dizer, a presença de Deus entre os homens. Jesus declarou ser a
presença de Deus entre os homens (o próprio Deus em carne – Evangelho de João;
especialmente cap.1-2 e 5-6). Ele funcionou não só como um profeta, mas como
Rei e mediador-sacerdote.
Assim, Jesus Cristo começou uma nova ministração no santuário, a verdadeira
prefigurada por Moisés. Creio que dessa forma a “unção dos santos dos santos” em Dan
9:24 deve ser interpretada de uma maneira ampla como a nova fase no plano da
salvação com a ministração direta de Jesus Cristo como templo e sacerdote – o
verdadeiro no céu. Começando com Seu batismo, seguindo à Cruz e subindo ao céu onde
Jesus inaugurou o verdadeiro tabernáculo para interceder pessoalmente perante o
Pai (Apoc 4, Atos 2 e Heb 8).
Comunicação divina: a unção divina é o
envolvimento íntimo de Deus em nossa salvação. Jesus é o Cristo – o Ungido de
Deus, o único que pode nos salvar, e tudo isso já estava nos planos dEle desde
os tempos antigos – eu e você.