É verdade que há uma mudança de gênero (feminino e masculino) nos v.9-12
nos vocábulos referentes ao chifre pequeno. Em hebraico verbos, substantivos,
adjetivos e pronomes possuem gênero. Por exemplo, se um verbo possuir
terminação feminina ele concorda com o sujeito feminino mais próximo, o que não
ocorre em português visto que o verbo não tem gênero. Vamos identificar então
os gêneros nos versos 9-12.
v.9 – YATZAR – verbo masculino
“sair, ir”; QEREN – substantivo feminino
“chifre; VATIGDAL – verbo femino
“crescer”
v.10 - VATIGDAL – verbo femino
“crescer”; VATAPEL – verbo feminino
“cair”; VATIRMESEM – verbo feminino
“pisar”
v.11 – HIGDIL – verbo masculino
“crescer”; VeHOSHLAQ – verbo masculino “ser atirado”; [HURAN – verbo
masculino “ser exaltado”]
v.12 – TINATEN – verbo feminino
“foi dado”; VeTASHLECH – verbo feminino
“jogado, lançado”; Ve’AShTAh – verbo feminino
“fazer”; VehITZELIHAh – verbo feminino
“prosperar”
O v.9 começa com um substantivo plural masculino junto de um verbo
masculino e finaliza com substantivo feminino e um verbo no feminino. No v.10
há 3 verbos femininos e no v.11 há 3 masculinos. No v.12 são 4 verbos no
feminino. Há aqueles que argumentam que a mudança de gênero ajuda identificar
diferentes agentes na visão, mas como isso determina quais são esses agentes
ainda continua em debate.
Muitas propostas foram feitas no Adventismo. Por exemplo, o “exército” no
v.10 age no feminino enquanto o “exército” no v.11 age no masculino o que
também identifica um novo poder na visão. E no v.12 a ação volta para o
feminino. O que todos os intérpretes Adventistas aparentemente concordam é que
a mudança do gênero marca uma transição de poder, nesse caso o texto indica uma
mudança de poder dentro do império Romano.
Um dos intérpretes, Jown Peters, argumentam que o quiasmo (estrutura
literária) e gênero dos verbos e substantivos identificam diferença de poder
nos v.10à12 e v.9à11. Enquanto Martin Proebstle
argumenta que a identificação é v.9a-11 e v.9b-10 ignorando o v.12.
Gehard Hasel e William Shea também encontraram uma estrutura literária e
divisão histórica do texto diferente nesses 4 textos. Ambos argumentam que a
mudança de gênero identificam Roma papal e pagã.
Como essa identificação histórica deve deve ser feita a partir de gêneros
textuais ainda é dificíl determinar. Portanto, a importância do gênero no texto
não deve ser levada ao ponto de fundamental importância para interpretação
profética. Parece que essa análise sintática do texto profético parece não
resolver o problema de identificar dois poderes distintos do chifre em Daniel 8
até que fatos históricos sejam relacionados com a interpretação do texto.
Muito bom, obrigada!
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