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sábado, 16 de fevereiro de 2013

Como pode o “chifre pequeno” afetar o povo e as coisas que pertecem ao céu? (Dan 8: 10-13)


A visão de Dan 8:10-13 representa o poder inimigo a Deus que ataca o Seu santuário, as hostes celestiais e joga a verdade por terra. Como pode um poder terrestre afetar as esferas celestiais? Primeiramente, essa questão não deve ser mal-interpretada e sugerir uma separação completa de ação entre o divino e o humano. De acordo com as Escrituras a esfera divina se relaciona com a humana. 

Diferente do dualismo platônico adotado pelo Cristianismo na Idade Média (como vimos anteriormente), o Deus da Bíblia criou no tempo e no espaço e agiu (age) na criação. Deus falou com Moisés face a face, manifestou-Se aos  Israelitas no monte Sinai, habitou numa nuvem no tabernáculo falando com eles. Jesus como Deus-homem andou entre os homens e se envolveu intimamente com a criação. Assim as Escrituras ensinam que a esfera celestial está intimamente relacionada com a terrestre.

De importância particular nessa discussão sobre presença e ação divina em Daniel está o santuário. O santuário é a habitação de Deus entre os homens (Ex. 25:9). Jesus é a presença de Deus entre nós e o tabernáculo (Jo.1:1-14; Mat 1:23). Como no serviços do tabernáculo onde os pecadores transferiam seus pecados para o templo, assim Jesus tomou sobre Si os pecados do mundo na Cruz morrendo pela humanidade caída (Is.53; Rom 5-7 e II Cor 5:21). Após a ressureição e assunção de Cristo ao céus, os pecadores estão representados em Cristo no santuário celestial (Ef. 2:6; Heb 2:17-18; 4:15). É nessa maneira que os pecados afetam as atividades celestiais e seus seres.

Em Daniel 8 o “chifre pequeno” ataca os “exércitos dos céus” e o santuário, mas como? Se as hostes celestiais forem o povo de Deus (v.24 – sendo tanto anjos como humanos, ou apenas humanos) o texto afirma que esse inimigo os destrói de certa forma. As Escrituras descrevem como os seres humanos criados a imagem de Deus foram atacados na história. Ela também ensina que a Igreja (Seu povo) é sua esposa ou Seu próprio corpo, significando uma forte identificação (I Cor 12:14). Assim, quando o povo de Deus sofre Deus sofre. Como um pai que toma as dores de seu filho assim Cristo padece e intercede pelos Seus (Heb 2:14-18;4:14-16).

Por exemplo, na estrada de Damasco quando Paulo perseguia os discípulos de Jesus, Cristo apereceu a Saulo dizendo que quem estava sendo perseguido era o próprio Jesus (At.9:5). Em Sua oração ao Pai Jesus afirma que assim como o Filho e o Pai são unidos, a humanidade e Jesus também são um (Jo. 17). Por essa razão Jesus ensinou que quando um pobre é ajudado Ele mesmo é ajudado (Mat 25:40).

Sobre a relação entre o santuário celestial e a terra há outra dimensão cujo o “chifre pequeno” pode atacar o santuário e as hostes em Dan 8. Visto que a linguagem desse capítulo é tomada dos rituais do santuário, principalmente do dia da expiação (Lev 16), uma examinada nesse ritual nos ensina outra faceta do ataque satânico. De acordo com Lev 20:3 e Num 19:13, 20, há duas formas na qual o santuário era contaminado, a idolatria e contaminação com cadáveres não purificada. Caso os envolvidos não se arrependesem e ignorassem a salvação do Senhor eles sofreriam julgamento divino pois haviam rejeitado o próprio Deus.

Assim, ao ignorar a salvação divina no santuário (serviços diário) e ao estabelecer abominação da idolatria o “chifre pequeno” polui a morada de Deus. Isso é demonstrado no livro de Ezequiel quando Judá poluiu a habitação divina em Jerusalém por meio de contaminação do cadáveres, imoralidade sexual e idolatria (Ez 10-20). Tais ações fizeram com que a glória de Deus (Sua presença) deixasse o templo que foi contaminado. A consequência física foi a destruição de Jerusalém e do templo pelos Babilônicos.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Qual o significado da mudança de gênero em Hebraico em referência “chifre pequeno” e seus referentes em Dan 8:9-12 para identificação desse poder na história?


É verdade que há uma mudança de gênero (feminino e masculino) nos v.9-12 nos vocábulos referentes ao chifre pequeno. Em hebraico verbos, substantivos, adjetivos e pronomes possuem gênero. Por exemplo, se um verbo possuir terminação feminina ele concorda com o sujeito feminino mais próximo, o que não ocorre em português visto que o verbo não tem gênero. Vamos identificar então os gêneros nos versos 9-12.

v.9 – YATZAR – verbo masculino “sair, ir”; QEREN – substantivo feminino “chifre; VATIGDAL – verbo femino “crescer”
v.10 - VATIGDAL – verbo femino “crescer”; VATAPEL – verbo feminino “cair”; VATIRMESEM – verbo feminino “pisar”
v.11 – HIGDIL – verbo masculino “crescer”;  VeHOSHLAQ – verbo masculino “ser atirado”; [HURAN – verbo masculino “ser exaltado”]
v.12 – TINATEN – verbo feminino “foi dado”; VeTASHLECH – verbo feminino “jogado, lançado”; Ve’AShTAh – verbo feminino “fazer”; VehITZELIHAh – verbo feminino “prosperar”

O v.9 começa com um substantivo plural masculino junto de um verbo masculino e finaliza com substantivo feminino e um verbo no feminino. No v.10 há 3 verbos femininos e no v.11 há 3 masculinos. No v.12 são 4 verbos no feminino. Há aqueles que argumentam que a mudança de gênero ajuda identificar diferentes agentes na visão, mas como isso determina quais são esses agentes ainda continua em debate.

Muitas propostas foram feitas no Adventismo. Por exemplo, o “exército” no v.10 age no feminino enquanto o “exército” no v.11 age no masculino o que também identifica um novo poder na visão. E no v.12 a ação volta para o feminino. O que todos os intérpretes Adventistas aparentemente concordam é que a mudança do gênero marca uma transição de poder, nesse caso o texto indica uma mudança de poder dentro do império Romano.

Um dos intérpretes, Jown Peters, argumentam que o quiasmo (estrutura literária) e gênero dos verbos e substantivos identificam diferença de poder nos v.10à12 e v.9à11. Enquanto Martin Proebstle argumenta que a identificação é v.9a-11 e v.9b-10 ignorando o v.12. Gehard Hasel e William Shea também encontraram uma estrutura literária e divisão histórica do texto diferente nesses 4 textos. Ambos argumentam que a mudança de gênero identificam Roma papal e pagã.

Como essa identificação histórica deve deve ser feita a partir de gêneros textuais ainda é dificíl determinar. Portanto, a importância do gênero no texto não deve ser levada ao ponto de fundamental importância para interpretação profética. Parece que essa análise sintática do texto profético parece não resolver o problema de identificar dois poderes distintos do chifre em Daniel 8 até que fatos históricos sejam relacionados com a interpretação do texto.