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quinta-feira, 17 de junho de 2010

Incontrolável, mas previsível

A gloria de Deus é autônoma. Isso significa que nós não podemos controlar suas ações. Porém, apesar dela ser incontrolável, Ela é previsível. A sua previsibilidade tem como referencia o padrão de sua movimentação na história e as referências do próprio Deus sobre Sua movimentação.

A razão de sua saída, tanto no Êxodo mosaico como no êxodo de Ezequiel, é a iniquidade dos homens.

Como vimos no texto anterior (glória condicional II) a glória de Deus é associada a Sua santidade. Ela habita o santuário, e dentro dele mais especificamente a arca da aliança. Era do lugar santíssimo, o compartimento mais interior do santuário, que a glória comunicava com Israel. Sua locação é sugestiva de seu padrão de movimento. Dentro da arca estava os 10 mandamentos ou promessas divinas. Anterior a habitação da glória na arca, ela permaneceu no monte Sinai, de onde foram proferidas os conselhos e legislações divinas à Israel.

No livro de Ezequiel, esse padrão de movimento da glória é visto com maior nitidez. O livro do profeta começa uma visão da glória de Deus em movimento (Ez.1). Ela então é vista parada em sua morada, a arca da aliança no lugar santíssimo do santuário em Jerusalém. Porém, a partir do capítulo 8 ela sai do lugar santíssimo para fora dos portões do templo terrestre construído por Salomão. A visão é aterradora ao profeta, pois a sua saída segue calamidades terríveis quase ao ponto de destruir toda a nação de Israel. Assim como Moisés, Ezequiel clama para que a glória permaneça e Deus tenha misericórdia do Seu povo (Ez.9:8).

A razão de sua saída, tanto no Êxodo mosaico como no êxodo de Ezequiel, é a iniquidade dos homens. A idolatria do bezerro de ouro no Sinai e a idolatria de Baal e Tamuz no templo expulsaram a santidade divina. Sem santidade e sem lei, a glória desaparece, pois, a glória é santa tal como a lei do Senhor. A movimentação da glória do Senhor depende da fidelidade do povo que caminha próximo a Ela. Esse tem sido o padrão na história. E as previsões celestes sobre Sua movimentação revelam ainda mais sobre essa relação entre glória e lei. Mas acerca dessa comunhão refletiremos mais tarde.

Comunicação divina de hoje: “Feliz o homem que não caminha nos conselhos dos ímpios...mas seu prazer está na lei do Senhor...O Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá.” (Sal 1)

sábado, 12 de junho de 2010

Glória condicional - II

No texto anterior, refletindo sobre a glória de Deus, afirmei que o divino transforma os lugares e o tempo nos quais Ele habita. Somente mediante a Sua presença elas adquirem características santas e gloriosas. Assim, nenhuma criatura possui glória inerente ou independentemente de Deus. Tanto que sem a presença de Deus, objetos e tempos santos se tornam ordinários novamente. Surge então a questão, quais os motivos que fazem com que Deus habite em Sua glória em certo lugar ou tempo e/ou o abandone? Antes de refletir sobre tais questionamentos, gostaria de escrever um pouco mais sobre a condicionalidade da glória de acordo com as Escrituras.

Não era o povo que guiava a glória de Deus

A glória de Deus está associada ao santuário por razões lógicas. Santuário significa “lugar santo”. A glória de Deus é santa e, portanto, o lugar de Sua habitação é santo. Por isso, a maioria das referências bíblicas acerca da glória de Deus estão associadas ao santuário, seja ele do tempo ou do espaço. No livro de Êxodo, onde aparece pela primeira vez o termo “glória de Deus”, a impressão que temos é que a glória de Deus é móvel e não estática.

Por ser móvel, Ela muda. Essa mudança não significa imperfeição, mas atividade. A glória primeiramente habita uma nuvem no céu (Ex.16). Depois Ela, por algum tempo, permanece no monte Sinai (Ex.24:16,17; 33:18), mas após a construção do tabernáculo Ela passa a fazer morada entre os querubins na arca da aliança (Ex.25:8,22; 29:43).

O tabernáculo fora feito de objetos portáteis, facilmente desmontados e montados, facilitando o seu transporte no deserto rumo à terra prometida por Deus. A glória de Deus caminhava com o povo, não permanecia em um lugar, porque Ela tinha um destino final. Enquanto esse destino não chegava, a glória se movimentava de acordo com a Sua vontade.

Não era o povo que guiava a glória de Deus, mas o oposto. A nuvem da glória divina se movimenta, guiando Israel (Ex.40:36-38). O povo só andava quando a glória avançava. Por cerca de um ano eles permaneceram ao redor do Sinai porque a glória do Senhor permaneceu no monte. Mas quando a glória estava pronta para mover-se, o povo a seguia.

Seguir a glória de Deus trazia direção, segurança e vida. Quando alguns se apartaram do arraial, onde a glória do Senhor permanecia, eles acabaram morrendo (Ex.16; Num.14). Moisés, reconhecendo a importância da presença da glória do Senhor no meio de Israel, clama para que Ela não os deixe (Ex.33:14,15). Tal clamor só foi necessário porque Ela é autônoma. Deus iria deixar Israel. Sem a glória de Deus, os Israelitas estariam perdidos.

Comunicação divina de hoje: A glória é independente. Não somos nós quem a controlamos, mas Ela quem deve nos guiar. Perder o foco da glória é morte na certa.